Quem é do samba sabe que o carnaval acontece durante 365 dias do ano. O desfile no Sambão do Povo é o resultado de um trabalho sócio-cultural-econômico que gera emprego e renda para diversas camadas da sociedade. Desde a dona Maria do Churrasquinho, Seu Zé da pinga e cerveja, aderecistas, bordadeiras, costureiras, e, o grande empreendedor. A rede hoteleira, bares e restaurantes, lojas…
Em março de 2020 o governo decretou isolamento (Lockdown?) por conta do Corona Vírus que chegou ao Brasil. Muitos atribuíram culpa ao carnaval que aconteceu em fevereiro esquecendo também dos inúmeros encontros e aglomerações de pessoas que não participam ou não gostam da festa de Momo, mas isso é assunto pra outra hora. Não teve desfile das agremiações carnavalescas em 2021 e nem assim a pandemia acabou.
Se não teve desfiles, teve muita solidariedade por conta dos foliões. Agremiações, grupos, Institutos, e coletivos se juntaram e continuam levando, doando carinho, afeto e alimentos para aqueles sambistas, não sambistas, religiosos e não religiosos que foram afetados financeiramente neste período pandêmico. As lives realizadas serviam de acalanto durante o isolamento. O samba é solidário, não escolhe bandeira. As escolas de samba através das suas costureiras e em parceria com alguns órgãos públicos e privados foram as que mais produziram máscaras para doações.
Muitos dos nossos foram descansar antecipadamente na dispersão.
Percebo que na maioria das vezes quando se faz a pergunta se terá carnaval junto vem à intolerância com a festa, assim como as reclamações do foguetório em homenagem ao dia de São Benedito do Rosário, Santo padroeiro da região do Centro de Vitória e entorno. Lembrando que o festejo do dia 27 de dezembro acontece há mais de duzentos anos. Bom seria que quem chegou depois procurasse se adaptar a esta tradição e não tentar acabar com mais uma manifestação cultural.
E aí? Vai ter carnaval mesmo? As escolas estão trabalhando para que o maior espetáculo da terra aconteça dentro dos protocolos exigidos e para você que não é do samba e nunca participou cumprir protocolos é coisa corriqueira neste mundo. Vigilância sanitária, corpo de bombeiros, juizado de menores acompanham este movimento desde que o samba é samba, portanto exigir cartão de vacina e exame é mais um adendo para o manual do folião. Lembrando que com carnaval ou sem carnaval as festas clandestinas nunca deixaram de acontecer, as praias continuam lotadas e os campos de futebol também. Os ônibus, isso mesmo, os ônibus sem cobradores para que o dinheiro em espécie não circule transmitindo o vírus, mas o risco de contaminação permanece.
Nos anos oitenta e noventa o carnaval carregou a culpa em ser o grande vilão da proliferação do vírus da AIDS, com isso a campanha do uso da camisinha de Vênus foi bem acentuada, antes disso tinha a história das moças que “se perdiam”, ou seja, deixavam de ser virgem, quando não engravidavam “nas coxas”. Gertrudes me confessou que pariu três curumins em anos consecutivos sem ter relação sexual. Inclusive um deles foi brincando de trenzinho no salão de um Clube famoso da Cidade, isso foi nos tempos áureos e glamorosos da alta socialité capixaba. Os outros dois foram na dispersão e concentração, ela só não se lembra de quais escolas, pois a danada desfilava em todas. Um dos filhos se chama Unidos e o outro Acadêmicos.
Nos anos noventa o sambista capixaba ficou sem desfile durante cinco anos e nem assim o carnaval acabou. Nos bastidores os movimentos nas comunidades do samba não deixaram de existir, muito pelo contrário, se fortaleceram ainda mais. Existe sim, uma grande preocupação com a pandemia atual, claro e evidente que existe e os organizadores e responsáveis estão trabalhando muito para que a passarela do samba consiga se adaptar a esta nova rotina social. Se teremos carnaval ou não amanhã será outro dia. A vacina é o único imunizante que existe. Você se vacinou?
E VIVA SAMBA!
Discussion about this post