A equipe Vive Samba entrou em cena para bater um papo com Edson Neto, atual presidente da LIESGE. Neto tem 32 anos, cria do Morro do Quadro e desde criança é envolvido com escolas de samba. Ficou conhecido pela determinação em querer trazer de volta a Chega Mais, agremiação da sua comunidade que foi fundada nos anos oitenta. Conseguiu! Conseguiu também um vice-campeonato logo de cara.
Em 2019 assumiu a presidência do grupo de acesso colocando um carnaval na avenida organizado causando surpresa para aqueles que não acreditavam. Nossa equipe vem mais uma vez agradecer ao carinho que recebemos desse jovem presidente, uma vez que nos foi negado as credenciais pelo então presidente da Liga do grupo especial neste mesmo ano de 2019.
“Não, ninguém faz samba só porque prefere, força nenhuma no mundo interfere sobre o poder da criação”
Ninguém chega ao samba por acaso. Como foi sua chegada?
– Bom. Comecei na Novo Império, em 2000 na avenida Jerônimo Monteiro e o setor que eu mais andei foi a bateria. Muita gente pensa que comecei direto sendo presidente da Chega Mais, mas não foi. Sempre fui do time dos ritmistas fominhas, desfilei em várias escolas.
Com a missão de retornar com a Chega Mais aos desfiles do carnaval capixaba, você assumiu a presidência ainda muito novo. Conta pra gente como aconteceu.
– Minha família é tradicional no Bairro e, além disso, Três ex-presidentes da escola pertenciam a ela, inclusive meu tio. Pensei… Porque não voltar com a Chega Mais? Reuni o pessoal e começamos com as articulações. Juntei Marcelino e um monte de gente. A Zezé, atual presidente, que é uma pessoa ativa na comunidade e de muita importância, respeito e professora da creche, foi minha vice.
E os recursos como conseguiram, uma vez que não havia verba pública para escolas convidadas?
– Com a adesão da comunidade senti que tínhamos condições de avançar com a escola e coloca-la no Sambão como convidada, nunca na intensão de dividir ou prejudicar a Novo Império, muito pelo contrário, pedimos apoio. Detalhe, para a primeira reunião eu precisava de um atrativo, fui até a loja comprei uma smart tv digital para fazer um bingo e arrecadar recursos. Conseguimos renda que serviu para comprar os instrumentos.
E a recepção das outras escolas quando a Chega Mais decidiu voltar, como foi?
– Fui a várias agremiações, fui a loja do Rogério Sarmento então presidente da Liga. Não foi tão fácil. Tive apoio das escolas que não eram de Vitória. As escolas daqui tiveram uma resistência muito grande. Aquela história, entrando mais uma vai diminuir a verba.
Em que ano a Chega Mais retornou ao carnaval?
– Em 2013, como convidada. Desfilamos em 2014 também mais uma vez sem nenhuma verba, novamente como convidada, mas não desistimos. Hoje é impossível fazer carnaval sem a verba do poder público.
Você se tornou presidente da Liga do grupo de acesso e surpreendeu com a organização. Conte-nos um pouco sobre isso.
– Na época foi criada a LIESGE e os grupos se dividiram. Em 2018 fui vice-campeão com a Chega Mais e 2019 assumi a presidência da LIESES e levei comigo cabeças jovens e pensantes. Levei uma turma que vivencia o carnaval capixaba na prática, mas com seriedade. A primeira pessoa que procurei foi o Jocelino. Um cara competente, meu amigo e muito estudioso. Uma figura emblemática no nosso carnaval.
E quanto ao corpo de jurados?
– Decidimos em ter autonomia total. Fomos criteriosos na escolha do pessoal. Recebemos vários currículos e procuramos as melhores opções do corpo julgador. O resultado foi muito satisfatório.
Qual é a característica do Neto presidente?
– Não centralizo as ações, dou total liberdade para meus colaboradores trabalharem, só não gosto de ser pego de surpresa. Sempre busco inovar, gosto de fazer diferente. Divulgamos os jurados três meses antes do desfile, isso nunca aconteceu aqui, disponibilizamos para o Viva Samba as justificativas logo após a apuração. Trouxemos como característica o diálogo com as pessoas e a transparência no resultado do desfile do grupo de acesso.
O que é o carnaval para você hoje?
– Quem estiver mais organizado já sai na frente. O carnaval deve ser técnico. Não adianta a escola descer só bonita. Acredito que a organização da LIESES foi o que me credenciou para ser presidente do grupo especial hoje.
E como é assumir a LIESGE no meio de uma pandemia?
– Entrar com parcerias nas comunidades para as ações sociais. Esta turma que me acompanha é boa nisso. Estamos com vários projetos. Nos dias 29 e 30 teremos a live das escolas de Vitória. A Liga conseguiu com o governo do Estado mais de mil cestas não só básicas, mas de higiene, limpeza, alimentos, verde… A prioridade era atender aquela costureira, o marceneiro, o pessoal prestador de serviço que está parado.
Sua perspectiva para o carnaval 2022?
– Com o avanço da vacinação estamos confiantes em colocar na avenida o maior carnaval de todos os tempos. Estamos entrando com novos parceiros, a LP Produções, Essencial Eventos, essas empresas tem vasta experiência em festas populares e grandiosas. Contamos também com o folião capixaba, ele que dá forma ao nosso carnaval.
“Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito. Nem refugiar em lugar mais bonito em busca da inspiração”
E VIVA SAMBA!
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