22 de dezembro de 2017,
Iniciamos hoje um espaço para falar dessa magnifica arte do bailado de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Aqui vamos falar de vários pontos relacionados a dança e ao quesito, e claro muito bate-papo bacana com vários defensores dessa arte.
Para iniciar, vamos falar de “Exaltando o Pavilhão” que também será o nome dessa série. Então fui buscar lá no Rio de Janeiro uma mocinha que começou bem novinha nessa arte como porta-bandeira e hoje é referência para muitos casais. Bailarina, educadora física e porta-bandeira, Marcella Alves.
Patrick (Viva Samba) – Marcella, você nasceu na Lins Imperial que foi sua primeira escola, e ainda nova já era porta-bandeira do grupo especial. Em Vitória temos muitos jovens casais surgindo. Como foi para você se tornar porta-bandeira tão jovem?
Marcella Alves – Eu sou cria do Lins e comecei a dançar com 9 anos de idade com porta-bandeira mirim da Infantes do Lins, aos 12 e 13 anos defendi a escola mãe como primeira porta-bandeira e aos 14 anos fui dançar pela Caprichosos de Pilares, onde começou minha trajetória como primeira porta-bandeira do Grupo Especial. Ser porta-bandeira tão jovem, era como se eu pudesse brincar de dançar um “Pas des Deux” (Passo de Dois – Francês) e por isso quis muito, porque na época, meu sonho era poder dançar um Pas des Deux, e o carnaval realizou isso em minha vida!
Patrick (Viva Samba) – Você é bailarina desde os 6 anos, educadora física, personal trainer e porta-bandeira. Já vi algumas preparações sua, tanto no balé, quando no condicionamento físico. Como é associar tudo isso a função de porta-bandeira e a importância dessa preparação para avenida?
Marcella Alves – De cada área que eu atuo, tiro um pouquinho para aperfeiçoar a minha função enquanto porta-bandeira. A dança clássica é a base de todas as danças e ajuda em muitos fatores como postura, leveza, braços, giro e coreografia. A educação física me orienta na minha preparação física para que eu esteja preparada para aguentar uma roupa quente e pesada, e ter fôlego durante todo o tempo de desfile.
Patrick (Viva Samba) – Em 2012 você desfilou pela Mangueira, e os jurados não entenderam a proposta e tiraram pontos de uma apresentação incrível. Em 2013 você deu mais um show, mas dessa vez nos moldes tradicionais e levou nota máxima. Qual a importância disso e por que tudo que foge ao tradicional não é bem visto pelos jurados?
Marcella Alves – A dança do mestre-sala e porta-bandeira já passou por muita evolução e acho ótimo os jurados priorizarem a dança tradicional, dessa forma a gente não perde o rumo e não deixa findar essa arte tão linda. No caso de 2012, foi um desafio proposto pela escola que eu super topei e não me arrependo, tudo na vida vale como experiência e aprendizado, além de ter sido lindo e marcante em minha memória e coração.
Patrick (Viva Samba) – Você tem dedicado boa parte de sua vida a arte de porta-bandeira, defendendo pavilhões de grandes escolas como Caprichosos, Mocidade, Mangueira e Salgueiro. Como foi essa experiência?
Marcella Alves – Graças a Deus eu tive o privilégio de defender grandes escolas e viver o dia a dia de cada uma, é incrível e nos proporciona conviver com pessoas que sabem muito e nos ensinam bastante, mas agora estou em casa.
Patrick (Viva Samba) – Em 2014 você retornou ao Salgueiro que é sua escola do coração, e é notável sua felicidade em defender esse pavilhão. Fale um pouco para a gente do respeito que um casal deve ter ao seu pavilhão, e claro um pouco sobre esse amor ao Salgueiro.
Marcella Alves – Na minha cabeça um casal de mestre-sala e porta-bandeira deve se identificar com a escola, mesmo que não seja sua escola de coração, deve ter algum tipo de sentimento positivo pela escola, para ser uma condução agradável para os dois! Meu coração não se divide, ele é por inteiro Lins e Salgueiro! Aí você vai me perguntar, como assim? Assim como amamos nossos pais na mesma intensidade não é mesmo? Então, amo a Lins e o Salgueiro na mesma intensidade também!
Patrick (Viva Samba) – Muitos casais no Carnaval Capixaba lhe têm com referência de porta-bandeira. Quem são suas referências no carnaval?
Marcella Alves – Tenho grande admiração pela Selminha Sorriso, Maria Helena, Rita Freitas e tantas outras que se eu citar muitos nomes, posso falhar e esquecer de alguém. Todas têm sua maestria e seu encanto.
Agradeço muito ao Carnaval de Vitoria pelo carinho e respeito ao meu trabalho! Quem sabe um dia não estarei aí ajudando com o pouco que aprendi por aqui. Obrigado.
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