Ficha Técnica
Enredo 2019 – Barreiros
É tempo de amar…
Carnavalesco
Simão Pedro
Autores do Enredo
André Filosofia, Thiago Tarlher, Jhean Fábio, Jadilson Damascena
Sinopse
Reluz uma guirlanda de estrelas no Céu.
Ao contemplá-la, percebo que possui uma forma de coração incandescente que oculta a
imensidão do horizonte.
Diante disso, pergunto a mim mesma: “Será que estou diante de um prenúncio? Será que estou diante de um indício de uma nova era baseada no amor ininterrupto entre os seres humanos? ”.
Com o intuito de responder tal questão, decido remontar ao passado, inspirado pela ancestralidade, para analisar a gênese (origem) desse nobre sentimento na História.
Depois de viajar pelas sendas de outrora, testemunhei inicialmente a criação do Universo
através de várias culturas. Em todas elas percebi o desejo dos Deuses de expressar sua paixão pelo Universo. Por isso, criou-se um ser a sua imagem e semelhança – o homem – que
anseia irradiar uma centelha de divindade pelo Cosmos.
Convém observar que esse anseio começou a ser satisfeito quando a condição humana estimula Eros (Cupido) a semear o pólen do amor carnal no Firmamento, sendo que o resultado
disso foi a propagação de uma energia que acalanta o mesmo.
Ademais, pode-se dizer também que tal aspiração começou a ser satisfeita à medida que o
filósofo grego Platão descreve a aparição do amor espiritual entre os sexos na Abóboda Celestial (o amor platônico), pois tal aparição representou a essência da verdade.
Percorro os olhos ao meu redor e constato que o pólen do amor carnal que foi semeado outrora gerou as mais belas histórias da literatura universal, tais como Romeu e Julieta, Tristão
e Isolda, Petruchio e Catarina, Otelo e Desdêmona, Ceci e Peri, Werther e Charlotte, Anna
Karenina e Conde Vronsky e o Misterioso e Nástienka.
Além disso, tal pólen também rendeu alguns amores inesquecíveis no cinema, tais como
Rhett Butler e Scarlet O´Hara, Carlito e Edna, Bonnie e Clyde, Lampião e Maria Bonita, Paul
Varjak, Cleópatra e Marco Antônio e Holly Golighty.
Já no carnaval, o eternizado triângulo amoroso protagonizado por Pierrô, Arlequim e Colombina.
Contudo, a referida aspiração foi realmente satisfeita quando o ser humano evidencia o nascimento da subjetividade que promoverá a comunhão absoluta entre o Criador e a Criatura
no seio do Universo, já que tal comunhão significou a essência do amor.
Como se sabe, o nome dessa subjetividade é Jesus Cristo e seu desígnio na Terra foi especificar ao homem a importância de amar o seu semelhante como a si mesmo, pois o reflexo
do seu ser resplandece na face do outro.
Infelizmente, essa mensagem divina foi brutalmente silenciada por alguns indivíduos que
buscam subjugar os seus pares, uma vez que desejavam possuir a matéria. O resultado desse silêncio foi o desencadeamento do desamor, o surgimento de guerras e tragédias que separaram o Criador e a Criatura, tais como a Peste Negra, a I e II Guerras Mundiais.
Enfim, cheguei ao final da minha viagem.
Contudo, percebo que o pólen semeado não foi capaz de suprimir o amor excessivo que o
ser humano nutre por si mesmo desde o limiar da idade contemporânea. De certa maneira,
não é inexato assinalar que esse amor próprio é descrito pelo psicanalista Sigmund Freud na
célebre obra A interpretação dos sonhos (a partir do Mito de Narciso).
Destarte, ocorre atualmente uma época de desamor no Firmamento, uma vez que a condição
humana se preocupa somente com seu bem-estar, ao invés de se preocupar com o bemestar alheio. Prova disso verifica-se nas questões do racismo, homofobia, xenofobia, machismo e a extrema desigualdade social entre os povos.
Em face disso, pergunto a mim mesma: de que forma poderá ocorrer um novo tempo baseado no amor ininterrupto entre os homens? Será que o prenúncio que irrompeu no Céu era falso?
Após tal pergunta, eis que surge subitamente uma bela passista que entrelaça suas mãos
nas minhas mãos, além de indicar uma legião de sambistas que bailam na passarela do
“Sambão do Povo” ao som de uma maravilhosa canção.
Nos peitos desses sambistas, pulsa o amor ao nosso Estado, ao nosso País e sobretudo a
um lindo pavilhão vermelho e branco que um dia foi imortalizado pelos célebres bambas José
Coelho Damasceno, Toninho Lobão e Dona Lola.
Olho novamente para a Abóboda Celeste. Nela ainda resplandece a guirlanda em forma de
coração incandescente; porém, agora a imensidão já não está mais oculta, pois revela os
Deuses do Carnaval que balbuciam levemente: “Tu és a Barreiros, a escola do amor! Desponta um novo porvir no Universo!
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