Na última terça-feira (23), segundo dia de ensaios técnicos do Grupo Especial, foi a vez da Pega no Samba e Unidos de Jucutuquara apresentarem uma prévia do que será o desfile oficial que ocorre na próxima semana, dia 3 de fevereiro (sábado).
Pega no Samba
A primeira a entrar na avenida foi a Pega no samba, escola da Consolação, que levou um grande número de componentes para o ensaio técnico e realizou uma apresentação eficiente e organizada.
E a Pega já chegou chamando a atenção com a ótima apresentação/concepção da comissão de frente coreografada por Jorge Mayko. O primeiro casal da agremiação, formado por Rafael Brito e Naymara Nascimento, fizeram uma boa apresentação, mas com alguns erros de sincronia.
O tema da agremiação para este ano é o chocolate, que será desenvolvido através do enredo “Na celebração ao chocolate, a Locomotiva dá um show”. E a escola não só distribuiu alegria durante todo o Sambão do Povo, como também deu chocolates para os foliões presentes no ensaio. E quem também deu um show na passagem da Pega no Samba foi a rainha Jordana Catarina, que desfilou com charme e muito samba no pé.
A bateria comandada por Mestre Jorginho fez uma apresentação eficiente. O quesito, que sempre privilegia uma apresentação técnica, não é reconhecida pela “ousadia” em suas apresentações, mas compensa na cadência e no belíssimo trabalho executado pelos naipes. Mas para alguns, falta vibração ao estilo “conservador” da bateria que coleciona notas 10 nos últimos anos.
O samba, que não é nenhuma obra prima, se mostrou eficiente durante todo o ensaio graças a bela atuação do carro de som comandado pelo intérprete Danilo Cezar. Um dos pontos negativos é que a escola cantou pouco. Erro que vem se repetindo agremiação após agremiação.
Defino o ensaio técnico da Unidos de Jucutuquara com um conhecido provérbio: “entre mortos e feridos, salvaram-se todos’. A escola, uma das grandes potências do Carnaval Capixaba, se apresentou com a presença maciça da comunidade. Além disso, a escola aposta na força dos seus quesitos e em uma apresentação técnica para tentar realizar o melhor desfile dos últimos anos e brigar pelo título, palavras do presidente Guilherme Monteiro.
A comissão de frente, que neste ano é coreografada por Mauro Marques, fez uma apresentação performática e com vasta riqueza de movimentos, e claro, totalmente co-relacionada ao enredo. Mas será que o quesito prepara alguma surpresa para o desfile oficial? Acho que já é hora das comissões de frente do Carnaval Capixaba deixarem de realizarem apresentações burocráticas e apostar em três palavrinhas mágicas: criatividade, inovação e ousadia. E atenção!!! Esse recado não é para a comissão de frente da Jucutuquara, mas para todos os coreógrafos do Carnaval.
A grata surpresa da noite foi a apresentação do primeiro casal, Max Dutra e Thais Oliveira, que fizeram uma bela apresentação. Entre o casal havia conexão, um coreografia muito bem elaborada e executada. Até aqui, um dos três melhores casais a desfilar no Sambão do Povo. Isso entre os ensaios do Grupo de Acesso e do Especial.
O samba da Unidos de Jucutuquara, que gosto particularmente da letra, foi muito bem executado por Ricardinho de Oliveira, em plena forma, mas acho que o carro de som da agremiação pode melhorar o trabalho conjunto. Eu sei o que estou falando e tenho a convicção que todos envolvidos também devem saber né. Além disso, é preciso melhorar a interação com a bateria. Os desencontros e insatisfações são perceptíveis, e para o sucesso do desfile da agremiação, certas vaidades, e inseguranças, devem ser deixadas de lado. Concordam?
Voltando ao samba, não gostei da forma que ele foi absorvido no ensaio técnico. Acho o samba “pesado”, muito técnico (isso é bom), mas nada empolgante. Não faz o folião vibrar. Agora se os julgadores vão gostar, é apenas um detalhe. A nota 10 pode significar muito para a escola, e como tenho visto, muitíssimo para o ego dos compositores, mas nada é melhor que ver o Sambão do Povo e os componentes, a plenos pulmões, cantando o seu samba. Isso sim é motivo de orgulho.
Destaco a atuação da bateria da agremiação, que apesar dos pontos que citei acima, não foi perfeita, mas fez uma grande apresentação. Talvez a melhor dos últimos anos. Gostei do andamento e principalmente das bossas. Às vezes, ou quase sempre, a ousadia, recoberta com responsabilidade faz bem…Mesmo para uma bateria que é reconhecidamente técnica, como a da Jucutuquara.
Calma que já estou finalizando, mas antes vou fazer uma observação (olha a crítica!). Lá atrás, em 2014, a escola desenvolveu o enredo “Oh Bahia, ó”, que por sinal, foi o último grande desfile da agremiação. E durante aquele ano a bateria incorporou o “axé baiano” nas bossas e no desenvolvimento/desenho dos naipes. Mas pelo que tenho observado, também em anos anteriores, a Bahia pode até ter saído da escola, mas o gingado e a bossa daquele ao ainda não saiu da bateria. Será?
Resumindo, a Unidos de Jucutuquara fez um bom ensaio. Não foi empolgante, mas qualificou a escola na briga pelo título. Gostei da organização, da presença de todos os segmentos e na força dos quesitos. E se o trabalho em equipe sobressair, quem sabe as palavras do presidente Guilherme podem se tornar realidade e a escola, que enfrenta um jejum de oito anos, pode novamente soltar o grito de campeã do carnaval.
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