Longe de mim ser jurado. Sou sambista e amante do carnaval. Leio muito, me atento ao regulamento da LIESES, e de artigos específicos de carnaval. Respiro carnaval o ano inteiro. São críticas construtivas, mas, sobretudo são apontamentos de quem assistiu a todos os desfiles no Sambão, claro que nos intervalos da minha função obrigatória. Então faço minhas observações pessoais, sem estresse, e repito, pessoais, sem ligação alguma com Liga ou com alguma escola.
1) Inicialmente, devemos reconhecer, de uma forma ou outra, o sucesso da organização do carnaval capixaba. A LIESES, que pela primeira vez organizou “sozinha” todo o desfile se saiu muito bem. A começar pelo CD e DVD produzidos com as escolas para este Carnaval. O trabalho inédito em DVD foi esplêndido, a equipe da SS Produções, capitaneada por Glaydson Santos foi fantástica e muito profissional. Acredito que no próximo ano, a organização ainda será melhor. Torço por isso.
2) Considerando que a LIESES fez toda a gestão do carnaval capixaba, o preço dos ingressos, que anteriormente eram populares, ficou salgado para as famílias do samba em 2016, que às vezes assistiam em mais de 3 pessoas aos desfiles nas arquibancadas do Sambão. Este ano, ouvi muitos amigos e observei comentários nas redes sociais sobre o valor dos ingressos, o que dificultou o acesso de muitos. Enfim, o discurso de que é preciso cobrar caro para ser valorizado, pelo menos para mim não é justificativa plausível, haja vista que temos scripts não cumpridos pelas escolas, e a credibilidade pode cair por terra o cobrar caro. Outro aspecto sobre o acesso ao Sambão foi a presença de muitos sambistas no famoso alambrado, preferindo acompanhar somente a concentração ou dispersão das escolas.
3) Lanço um desafio. Já passou da hora de nossas agremiações, assim como a LIESES fez, também serem “autossustentáveis”. Para isso é muito importante o envolvimento de todos, de forma articulada (poder público, sociedade civil e iniciativa privada), com trabalhos sérios e que busquem investimentos, sem deixar à mercê ou de escanteio as parcelas mais simples do nosso samba. Esse esforço coletivo, lançado pelo desafio, objetiva evitar as angústias drásticas de concluir suas alegorias em cima da linha amarela de início do desfile, para que as comunidades desfilem com dignidade e os expectadores sejam respeitados, não deixando com que um trabalho de um ano inteiro, com árduos ensaios, criação de sonhos e imaginários, não vá por água baixo no desfile (olhem que nem choveu este ano).
4) É importante criarem-se estruturas semelhantes para todas as agremiações produzirem suas alegorias. Não é justo que o carnaval capixaba, com mais de 60 anos de existência não tenha reservado um espaço, além do Sambão do Povo, um local para a Fábrica dos Sonhos, como em SP ou Cidade do Samba, como no RJ. Isso com certeza é profissionalizar nosso carnaval.
5) Gostaria de levantar um questionamento que há tempos fazemos. Por que as agremiações apresentam desfiles discrepantes, já que é anunciado que todas em seus determinados grupos recebem o mesmo recurso público?
6) Tivemos um carnaval extremamente transmitido (03 emissoras – no sábado), inclusive nacionalmente. Então, devemos concentrar esforços em apresentar nossas agremiações plasticamente perfeitas, apesar de ter achado graça de alguns posts nas Redes Sociais, que debochavam e criticavam o nosso carnaval. Não é legal. Precisamos minimizar isso apresentando bons desfiles. A imagem é tudo! Aprendamos.
7) As equipes de transmissão precisam se informar melhor sobre os scripts das escolas, algumas informações que foram repassadas estavam desencontradas. Sem contar que o emprego adequado da língua portuguesa tem que ser fundamental regra para quem está apresentando.
8) O respeito ao regulamento pelas escolas é fundamental, pois foi notável que muitas agremiações deixaram de cumprir critérios que são exigidos em regulamento. Agora devemos esperar quais serão as penalidades aplicadas pela LIESES.
9) As escolas precisam aprender a respeitar o horário de início dos desfiles, se é 21h é 21h e não 21h35.
10) Foi o ano de falta de baianas; de sucesso dos casais de mestre-sala e porta-bandeira; de crescimento das alas de passistas; de revelações positivas para o carnaval.
11) Como em um post de zoação das Redes Sociais, em que afirmava que “já vi esquecer a chave de casa, mas escola de samba esquecer Comissão de Frente em casa foi a primeira vez”. Este ano, definitivamente não foi o ano das comissões de frente, as saudações foram frágeis, as coreografias em uma maioria sem originalidade ou que prendesse a atenção do público. Entretanto, o descaso histórico das agremiações com suas comissões de frente foi muito mais nítido em 2016, especialmente no sábado, quando das seis agremiações que desfilaram, quatro apresentaram imensos problemas em seus desfiles, fruto talvez de uma não dedicação das escolas a este setor. As comissões de frente capixabas, em sua maioria, têm reunido profissionais da dança, bailarinos e coreógrafos que se dedicam muito, sendo um dos poucos quesitos que varam as madrugadas ensaiando no Sambão, feriados e finais de semana, para terem seus trabalhos desvalorizados no carnaval, o que não é nada justo.
12) Tive uma impressão de que o carnaval cresceu em todos os sentidos. Apesar dos atropelos das próprias agremiações, as escolas estavam grandiosas, com luxo, ousadia e renovação. A chegada de novos produtores de sonhos (carnavalescos) e de outros artistas, dá o tom de renovar o samba e perpetuar o carnaval e ganhamos muito nesse sentido.
13) As escolas de samba, em minha opinião, embora o carnaval seja o mundo das ilusões, devem largar essa ilusão de homenagear artistas que não se comprometam em apoiar ou até mesmo estar no desfile da escola, porque fica uma coisa cômica, sem contar que o próprio homenageado ao não vir ao desfile deixa a agremiação em uma situação de descrédito. É diferente ser apoiador e ser “o enredo”.
Tenho muitas outras observações, então vamos ao que interessa. É importante mencionar que as minhas análises partiram do campo de visão da 1ª e 2ª cabines de jurados, de onde acompanhei algumas apresentações, minha nota é de 9,0 a 10 para cada escola:
Sexta-feira (29/01/2016) – Grupo A (Acesso)
Chegou o que Faltava: A escola apresentou um desfile compacto e coeso. A escola, no entanto, deixou a desejar com suas alegorias, que não foram condizentes com sua proposta de ressurgimento ao grupo especial. É importante destacar que o desfile da Chegou Que Faltava entra para história dela como um avanço em relação ao seu passado. A bateria da escola também se apresentou com muita eficiência, ao lado da comissão de frente e da condução do samba da agremiação. Destaque para o jovem carnavalesco Jorge Mayko, que demonstrou seu talento e que em um banho de luxo pode fazer alguma comunidade muito feliz. Média da escola: 9,5
Imperatriz do Forte: A comunidade do Forte São João se superou. Para mim foi uma excelente surpresa o desfile da verde e rosa do Forte. Considerando que não vimos no período pré-carnaval a mobilização da comunidade para o desfile. Nem o famoso barracão na Curva do Saldanha teve movimento, houve dias em que pensei e cheguei a ouvir que o “Forte” não desfilaria. A escola apresentou uma plástica agradável, um excelente samba enredo, assim como uma bateria com poucos deslizes. Percebi alguns problemas na harmonia e na comissão de frente da escola, que pode custar alguns importantes décimos. A Imperatriz do Forte pode dar uma surpresa no próprio resultado do grupo de acesso, pegando pelas beiradas uma boa colocação. Média da escola: 9,7
São Torquato: A vermelha e branca de São Torquato, fez um desfile mediano, que na minha opinião não intenciona título, mas que cobiça posições de elevada estima no carnaval. Apresentou-se com destaque para o casal de MS&PB e bateria. A agremiação poderia ter apresentado uma comissão de frente que se relacionasse com sua proposta de enredo, apesar das crianças terem sido fantásticas em suas exibições. O enredo da escola ficou prejudicado pela falta de clareza das alas, das fantasias e das alegorias. Embora alguns equívocos que dificultaram o entendimento do enredo na avenida, a escola também se superou em relação a anos anteriores. Média da escola: 9,6
Chega Mais: A galera do Morro do Quadro fez seu dever de casa. Após alguns anos como convidada, a agremiação enfim fez sua exibição digna de uma avaliação. Acompanhei um pouco do trabalho desenvolvido pela diretoria para o carnaval 2016, acredito eu, que também se auto superou diante as dificuldades impostas a todas escolas. A escola mostrou alguns bons destaques em seu desfile: a brilhante apresentação do casal de mestre sala e porta bandeira (Selminha e Claudinho), a correta comissão de frente, o samba funcional e a boa execução da bateria. Penso que a escola deve perder preciosos pontos em alegorias e adereços, fantasias e conjunto. A apresentação da Chega Mais, caso estivesse mais completa no desfile, poderia em médio prazo já iniciar uma excelente jornada no carnaval capixaba. Porém a falta de baianas pela escola a colocará no resultado oficial em disputa pela última colocação, foi um vacilo da escola não ter trazido a tão tradicional ala. Média da escola: 9,1
Andaraí: A venenosa de Maruípe fez um desfile muito gostoso e agradável. Falar de sonhos (bons) e infância é para tocar no coração de qualquer um. A Andaraí usou do bom gosto, mas podia para ajudar na leitura do seu enredo abusar do colorido e da ludicidade, o que na minha opinião faltou no desfile. A escola trouxe a melhor comissão de frente do carnaval capixaba em 2016, George Lucas, o jovem do berço do samba capixaba, está pelo segundo ano consecutivo de parabéns pelo trabalho. A Comissão de Frente foi um verdadeiro show. Lembrou muito os anos de euforia da carioca Imperatriz Leopoldinense. Além da comissão, o samba, a harmonia e a bateria foram tecnicamente perfeitos, com mínimos erros. A evolução e as alegorias devem perder alguns décimos. Santa Marta, deve comemorar uma colocação agradável no carnaval, pode ser uma zebra. Média da escola: 9,8
Tradição Serrana: A escola da Serra, foi novamente uma surpresa. Apresentou-se correta naquilo que se propõe. O ponto alto da escola foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira, que evoluiu com aquilo que o quesito pede. O samba e a bateria da escola também funcionaram corretamente na avenida. A escola pode perder décimos preciosos na comissão de frente, que não foi uniforme em sua apresentação, faltando sincronismo em sua dança, além de não apresentar a escola aos jurados. A escola de Feu Rosa, diferente de quando surgiu tem se aperfeiçoado cada vez mais no carnaval, mostrando bons desfiles, ainda medianos. Média da escola: 9,7
Novo Império: A família imperiana foi a escola mais esperada da noite e correspondeu à espera, com altura. O trabalho realizado, durante todo o ano de 2015, foi digno e é merecedor de todas as honras. A escola tinha um trunfo: a comunidade envolvida e participando. Isso é tudo! Foram pouquíssimos os equívocos e deslizes da escola de Caratoíra. Em um desfile tecnicamente perfeito e muito superior aos últimos anos da escola. A azul e branco revelou para o mundo do samba capixaba uma dupla de talento, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira (Sandro e Amanda) que deve render boas notas à escola. As alegorias da escola eram de extremo bom gosto, com bons acabamentos e dialogava com o enredo, que por sua vez foi claro e objetivo na avenida. A harmonia da escola, com o canto de sua comunidade, é merecedora de nota dez. A ala de passistas da Novo Império foi um show à parte. Neste desfile de 2016, faltou a bateria da Novo Império ser aquela bateria, não sei se as notas máximas serão atingidas. Não sei o que aconteceu no desfile da Novo Império, que diferente dos ensaios, a bateria e o samba não dialogaram bem na avenida, apesar da equipe qualificada do carro de som da escola, houve conflitos em suas apresentações. Média da escola: 9,9
Rosas de Ouro: A escola azul e amarelo da Serra não fez uma boa apresentação em seu retorno ao carnaval. Mais uma vez ficou devendo e deve amargar a última posição. A escola mostrou um desfile muito inferior a todas as demais, houve uma disparidade enorme entre as apresentações. Faltou plástica, faltou carnaval, faltou tudo. As Rosas não brilharam. Média da escola: 9,0
Sábado (30/01/2016) – Grupo Especial
Barreiros: A escola de samba de São Cristóvão chegou ao grupo especial em uma confusão que até hoje não explica a sua ascensão ao grupo. Acho que muitos sambistas do acesso, devem estar falando “aqui se faz, aqui se paga”! A agremiação atrasou para entrar na avenida, além de não trazer sua comissão de frente para prestígio do público e avaliação dos jurados. Foi um descaso e uma verdadeira tristeza o desfile da vermelho e branco de São Cristóvão. Como nem tudo estava perdido, o destaque da escola ficou por conta do casal do MS & PB, que apresentaram com maestria a bandeira da agremiação. Além disso, a bateria e o samba foram sustentáveis, sem grandes destaques ou deslizes. A escola brincou literalmente carnaval, sendo que no Sambão essa brincadeira é séria. A escola deve ser a rebaixada para o grupo de acesso em 2017 devido às penalidades da LIESES. Média da escola: 9, 1
Jucutuquara: Que desfile! Técnico do início ao fim! A Unidos de Jucutuquara na minha avaliação foi a Imperatriz Leopoldinense Capixaba. Com uma Comissão de Frente magnífica, mas que deve perder alguns décimos devido a falha no sincronismo. A coreografia da comissão era suficiente para garantir as notas dez desejadas ao trabalho do coreografo Jorge, no entanto, não sei quem foi a alma abençoada, que inventou as “benditas” capas, que nitidamente atrapalharam o desenvolvimento coreográfico de todos os integrantes. Excelente apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira, que foram técnicos e tradicionais. As fantasias e o enredo foram claros e objetivos, devem garantir boas notas à escola. É merecedor de todos os elogios o carnavalesco Oswaldo Garcia, com o qual não tenho afinidade, mas reconheço o seu talento e o trabalho dedicado que desenvolve. A Unidos de Jucutuquara, nos últimos dois anos, tem apresentado desfiles bem técnicos, que não levantam o público, mas que cumprem o regulamento e o que pede em uma escola de samba. A Unidos de Jucutuquara deve se organizar para uma possível festa da Vitória na quarta-feira depois da apuração. Média da escola: 9,9
Pega no Samba: A rainha da Consolação, azul, vermelha e branca, ficou com o coração triste. A ausência da comissão de frente da escola na metade do desfile da agremiação foi o ponto crucial para a Pega no Samba perder a chance do título do grupo especial. Embora a ausência, a agremiação apresentou nos demais quesitos uma completude de qualidades em que destaco, sem dúvida nenhuma, a boa apresentação do casal de MS&PB da escola, que revela uma grande dama Thaina Jacob, que, cá para nós, começou comigo no projeto Raízes da Piedade. O samba conduzido pelo carro do som foi divinal, com uma pegada levada pela bateria que não deixou a poeira baixar durante a sua passagem na avenida. A equipe do Mestre Jorginho foi nota dez mais uma vez. A bateria com muitos jovens e experientes ritmistas deu conta do recado com maestria. Considerando que o samba e a bateria, funcionaram para lá de bem, a harmonia não podia ser falha, como não foi. A escola cantou o samba e se embalou com o bom gosto das fantasias. Senti falta da ala de passistas. Infelizmente este ano a Pega no Samba deve disputar mesmo somente a sua manutenção no grupo especial. Mas claramente, demarcou o seu espaço com uma exibição show (com exceção da falta de comissão de frente), mostrando que a escola já aprendeu a fazer carnaval. Média da escola: 9,5
Mocidade (MUG): A MUG, novamente dá um show na avenida. Com carros funcionais, mas inferiores aos de outros carnavais seus. Não posso deixar de citar o furo que a escola deu ao trazer, em seu último carro, figurantes com máscaras do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma, não pegou bem. A agremiação de Vila Velha fez um carnaval com um enredo de fácil leitura, mas confuso em alguns momentos, já que há críticas da turma do candomblé e da umbanda, que não se identificaram com “a malandragem no desfile da escola”. A MUG tem sido um orgulho para o nosso carnaval, já que demonstra um verdadeiro show em seus desfiles, e em 2016 não foi diferente. A comissão de frente da escola, não me agradou, pensava que com esse enredo e com esse samba, a comissão poderia ter ousado mais, ter sido mais malandra, com coreografias simples e que não demonstrou grau de dificuldades em sua execução. No desfile da escola, vi mais destaques do que equívocos. O samba encomendado de Dudu Nobre funcionou mais uma vez este ano. Fui gostar do samba da MUG somente depois do DVD e na avenida ele foi bem conduzido e cumpriu o seu papel, assim como o canto da escola que foi harmônico. A bateria do leão da Glória deve garantir excelentes notas à agremiação. As fantasias estavam bem produzidas e confeccionadas, uma das mais belas do carnaval. O conjunto e a evolução da escola tiveram mínimos erros ou equívocos, e também devem garantir notas essenciais para a MUG. Enfim a MUG, mais uma vez é uma forte candidata ao título, com merecimento. Média da escola: 9,9
Piedade: A escola que mais teve divulgação ou mobilização nessa última semana antecedente aos desfiles foi a Mais Querida. Então esperava mais. A Unidos da Piedade é a menina dos meus olhos, a escola que tenho no coração, então quero falar mais com a razão do que com o coração. A Piedade há 30 anos espera o cobiçado título, já que sua última vitória foi em 1986. Em 2016, essa história pode mudar, sem dúvida a Piedade concorre ao título, com pequena desvantagem, devido ao seu conjunto e evolução. A agremiação apresentou seu enredo com muita coerência e quem conhece a Vila Rubim, se identificou no desfile da Piedade. A bateria “mais jovem do estado” tanto os ritmistas quanto os mestres, liderados por X-Tudo, do Ritmo Forte, ecoou na avenida, fez uma excelente apresentação, acompanhada da estrela do saudoso Lucas Reis (in memoriam) em alguns surdos da bateria, somente deslizando ao final do desfile. Porém, acredito que as notas dos jurados serão de reconhecimento do balanço que a bateria da Piedade fez no Sambão do Povo. A Piedade, desde o desfile do ano passado, mudou para o bem a concepção de produção dos seus carros, chegando a ser os melhores do carnaval em relação a tamanho e acabamento. A Unidos da Piedade, apresentou um conjunto harmônico agradável, o que não podemos dizer do casal de mestre-sala e porta-bandeira, o qual não demonstrou vibração e uma dança satisfatória no desfile. O samba também não foi o destaque no desfile. A comissão de frente da escola, embora a fácil leitura do que estaria por vir no desfile, não foi impactante e não cumpriu fielmente a saudação ao público, além disso houve falha de sincronismo durante a exibição. A ala de passistas também teve uma apresentação apagada durante o desfile, ainda que geralmente seja imensamente elogiada. Preciso salientar que por conhecer a Piedade, observei a ausência considerável de figuras marcantes das comunidades no desfile, inclusive Edson Papo Furado, que não deu o famoso grito de guerra da escola. Quem sabe esse grito não seja entoado na festa de uma possível Vitória. Média da escola: 9,8
Boa Vista: A escola de Cariacica, apresentou um enredo que eu sinceramente não achei bem contado, confuso. Admiro o trabalho do Peterson, acho ele incrível em suas criações, mas este ano não foi o ano dele. O início do desfile pela escola foi triste, pois a comissão de frente apresentou um elemento cenográfico muito aquém do que poderia ter feito, observando seus últimos anos de desfile. Os integrantes da comissão que estavam no chão tinham uma excelente coreografia e fantasia, complementada pelos que estavam no interior do elemento cenográfico. A derrota da escola vai ser na comissão de frente (pelo elemento cenográfico) e nas alegorias que apresentaram falta de acabamento. Uma pena! Entretanto a Boa Vista desfilou com uma harmonia espetacular, com um conjunto de fantasias merecedora de nota dez. A brilhante apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira, os irmãos, Diego e Vanessa, retorna a eles com as merecidas nota dez, podemos os considerar o melhor casal em 2016, a fantasia sem sombra de dúvidas estava divinal. A emoção do casal, além da dança, foi em cada um dos terços em que os dois carregavam nas mãos. O samba e a bateria foram medianos em suas apresentações, se complementaram sem grandes destaques. A Boa Vista, deve ocupar uma posição mediana no resultado do carnaval. Média da escola: 9,6
E Viva o Samba!
* Jocelino Júnior é Educador Social, mestre-sala e pesquisador de carnaval.
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