Em tempo, para que uma escola de samba passe na avenida existe a necessidade de se fazer uma diretoria centralizadora para que decisões sejam tomadas. Esta diretoria precisa trabalhar e muito para que se possa colocar um mínimo de componentes na passarela que são exigidos por outra diretoria majoritária que rege o estatuto geral para que o espetáculo do desfile seja sempre da melhor qualidade satisfazendo assim o folião e público que estão lá pagando para prestigiar o evento que, a cada ano fica mais volumoso.
O pós-carnaval em terras capixabas está mais concorrido com a iniciativa dos prêmios ofertados do que o próprio resultado oficial, isto é fato. Hoje devemos ter relativamente seis premiações envolvendo nossas escolas de sambas. Ai vai a minha pergunta: Isso é crescimento do carnaval, uma vez que a disputa em sua maioria fica através dos quesitos não oficiais? Certa vez alguém que ainda disputa um determinado quesito na avenida disse que: “este ano estamos ensaiando para conquistarmos todos os prêmios que a imprensa local oferece”. No mesmo momento fiz uma pergunta: E os 10 que sua escola precisa para ganhar o carnaval, não conta? A resposta foi a seguinte: “cabeça de jurado ninguém entende e eu não estou preocupado com as notas que receberei, porque acredito no meu trabalho e não no deles”.
Eu pessoalmente acredito que o corpo de jurados que está julgando são aptos e faz jus a função que estão ocupando até que me provem o contrário. Por quinze anos fui integrante do quesito comissão de frente em várias escolas, e minha maior preocupação não eram somente as notas que a equipe recebia e sim as justificativas dos julgadores, pois só assim poderíamos melhorar para o próximo desfile. E se a nota fosse 10 a intenção era de aprimoramento para a superação e principalmente para que nossa apresentação não se tornasse obsoleta.
O objetivo de várias sambistas está no passar da sua escola na avenida em busca de um, ou mais um título, e a dos não sambistas, isto é, aqueles que são somente foliões e estão apenas no divertimento. Cabe a nós envolvidos direta ou indiretamente orientar esses foliões do entretenimento que um desfile de escola de samba além do espetáculo lúdico e irreverente existe uma disputa acirrada e a melhor maneira de fazermos isto é colocarmos a importância do papel de cada um na avenida para que as notas 10 cheguem com os aplausos merecidos.
Outra maneira importantíssima é a publicação das justificativas nos veículos de comunicações onde o folião, inclusive os que estão no anonimato tenham acesso. Uma diretoria jamais deveria omitir o resultado final de sua agremiação, seja ela positiva ou negativa. Uma avaliação que é colocada dentro da gaveta sem a devida correção dos responsáveis só fará com que a reprovação continue no ano seguinte. Acredito que quando as justificativas são publicadas, as críticas ficam mais contundentes e ao mesmo tempo pertinentes, e isso é positividade para os que vêem o carnaval com maturidade e visão de avanço, e, os foliões do “oba oba” passarão na avenida sabendo da importância de sua participação na escola que estão desfilando.
Os quesitos “carta branca” ou “café com leite” ajudam e muito nosso carnaval, pois os mesmos abrilhantam o desfile, os interessados melhoram cada vez mais e fazem com que as premiações paralelas movimentem a festa de momo por um período maior, tomara que, a cada ano, este território se aprimore mais e mais, portanto acabam sendo um prêmio individual que vão para as estantes particulares. Mas os dez quesitos oficiais fazem parte da coletividade da agremiação e nosso carnaval crescerá mais ainda quando todos souberam a importância da competição e assim a nota punitiva abrirá cada vez mais espaço para a avaliativa, com um espetáculo mais leve e comprometido.
E VIVA SAMBA!
* Iamara Nascimento é funcionária pública, foliã apaixonada pelo carnaval e pela Unidos da Piedade, Conselheira Municipal de Cultura e Colunista do Site Viva Samba.