ABRE AS PORTAS, OH FOLIA
VENHO DA VAZÃO A MINHA EUFORIA
A MUSA SE VESTIU DE VERDE E BRANCO
E O PRANTO SE FEZ CANTO NA RAZÃO DO DIA A DIA
 
Mês de Maria! E desta vez resolvi homenagear as mães baianas. Então porque não lhes oferecer uma “Rosa”? “Rosa” esta que nasceu nos anos dourados, mas que viu sua mãe pela última vez com um ano e oito meses de idade e nem lembra como era sua fisionomia, pois nem fotografia da mesma conseguiu. "Rosa" filha do Ailton Canário compositor de vários sambas. "Rosa" que em plena década da explosão da juventude onde o sucesso do rock and roll e o frenético Elvis Presley dominavam o mundo, pediu de presente de quinze anos ao seu pai uma fantasia da ala das damas antigas para desfilar na escola de samba que aprendeu a amar e que é a rainha mãe e madrinha de várias outras.
 















 
Rosa que exala um perfume de amor por seus onze filhos, dezesseis netos e dois bisnetos de uma maneira tão linda e carinhosa que nos emociona. E olha que esta mesma Rosa por várias vezes teve que descer o morro, deixar seus rebentos sozinhos para acalentar os pimpolhos das madames que moram na baixada para assim garantir o pão de cada dia. Rosa que quando ouviu dos médicos que uma de suas crias ainda bebê jamais poderia andar ou falar não se revoltou com a vida e sim agradeceu ao criador por ter saúde e amor dentro de seu coração. Já se passaram vinte e oito anos e ela diz: Se eu fui escolhida é porque eu tenho responsabilidade.
 

















MÃE, BAIANA MÃE
ME EMPRESTA O TEU CALOR
EU QUERO AMANHECER NO TEU COLO
ONDE DEITO DURMO E ROLO
E ISOLO A MINHA DOR
 
 
Mas Deus não lhe deu simplesmente saúde e amor, porque isso era muito pouco, ele lhe deu também força e coragem, muita coragem para escalar e pular o muro do hospital infantil num período de greve e “invadir” a sala dos médicos, dizer-lhes que conhecia os direitos de seu filho com necessidades especiais e pedir-lhes para salvar sua vida, pois o mesmo estava muito doente e ela já havia feito de tudo e agora só eles, os doutores estudados e que fizeram juramento poderiam fazer. Imediatamente ela foi atendida.
 


















EU QUERO, QUERO
TE SAUDAR NESTA AVENIDA
PRA VALORIZAR A VIDA
QUE A VIDA VALORIZOU!
 
 
Rosa que não é só mãe biológica, pois o morro da Piedade é um verdadeiro jardim, onde ela reina sempre recebendo quem quiser chegar para uma prosa, porque seu coração é grande e cheio de bondade. Mesmo tendo sido enganada pelo Papai Noel que nunca lhe trouxe a boneca desejada muito menos sua mãe de volta. No período que antecede o carnaval então, aí que a coisa fica forte. Também; ela é filha, mãe, avó e bisavó de uma geração de sambistas talentosos que só a “mais querida” tem o privilégio de desfrutar. Mas o orgulho maior dessa negra Rosa é ver sua neta bailando com o Pavilhão da verde vermelho e branco.
 


















MÃE NEGRA SOU A TUA DESCENDÊNCIA!
SINTO TUA INFLUÊNCIA
NO MEU SANGUE E NA COR.
 
 

Rosa que na última semana para dar a luz a um de seus rebentos, seu companheiro resolveu ir embora, mas ela não perdeu tempo, preparou uma oferenda requintada para os orixás, mas não foi para pedir que ele voltasse não, muito pelo contrário, o “ebó” foi em agradecimento e ao mesmo tempo pedir para que o mesmo nunca mais aparecesse. E o babado deu tão certo que ela até casou pela segunda vez com um companheiro que a valorizou.
 


















IÊ ABARÁ, ACARAJÉ.
CAPOEIRA, FILHO DA MÃE.
PREGOEIRO, HOMEM DA MULHER.
OKOLOFÉ MAMÃE
KOLOFÉ LORUM
AIEIEU, AIEIEU MAMÃE OXUM.
 

A Rosa que eu vos falo, é a Rosa baiana Rosa que desfilou de cor de rosa com alegria e toda prosa. Ela é a Rosa Maria Reis, que se sente uma rainha mãe e feliz que roda a baiana pra esquerda e pra direita para equilibrar a vida com um “know-how” que só pessoas especiais como ela possui. Esta é a Negra Rosa meiga e simpática. Mas para todos que a cercam ela é simplesmente a baiana Rosinha da Unidos da Piedade que tem em sua cozinha uma réplica da Santa Ceia para nunca esquecer que pão e água não negam a ninguém.
 














BAIANA, BAIANINHA BOA
TEU REQUEBRO ME ENFEITIÇOU
ENFEITIÇADO SAMBANDO EU VOU
BAIANA MÃE BAIANA
É BELO O TEU PEDESTAL
EU TE ADORO
E ADORANDO IMPLORO
TEU CARINHO MATERNAL.
 
 
No mundo do samba não existe apenas uma Rosa, mas sim vários buquês de mães sambistas que contagiam nossa passarela alegrando toda multidão. Então minha homenagem a todas estas mães vai simplesmente através desta maravilhosa Rosa que dentro de uma simplicidade exala alegria, amor e muita história de vida.
 
E VIVA SAMBA! E VIVA DONA ROSINHA!
 

















TIA CIATA, MÃE AMOR
O TEU SEIO O SAMBA ALIMENTOU
E A BAIANA SE GLORIFICOU
 
Mãe baiana mãe – Império Serrano 1983 (Beto sem braço, Aloísio Machado)
 
Meus agradecimentos a D. Rosinha Reis e toda sua família, filhos(a), noras, netos(a) e bisnetos por me receberem com tanto carinho que não tenho palavras para expressar tal sentimento. Foram momentos de muitas emoções.
 














* Iamara Nascimento é funcionária pública, foliã apaixonada pelo carnaval e pela Unidos da Piedade e Colunista do Site Viva Samba.
UMA ROSA PARA A MÃE, BAIANA MÃE!
por Iamara
Nascimento
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