Olá internautas! Essa semana ainda não consegui sair do Grupo de Acesso, que reinou absoluto nos meus ouvidos. Navegar por esses sambas é uma experiência incrível, tem desde sambas bizarros (ruins e engraçados) até sambas antológicos (muito bons) no Grupo de Acesso do Rio de Janeiro, vale ressaltar que a grande maioria são sambas maravilhosos, melhores até que muitos do Grupo Especial!
Hoje vou abrir minha coluna com dois sambas que, na minha opinião, são clássicos do Grupo de Acesso e que todo bom sambista deveria saber cantar na ponta da língua.
O primeiro é o samba “O Dono da Terra” da Unidos da Tijuca de 1999. Isso mesmo meu caro internauta, a poderosa atual campeã do Grupo Especial a Unidos da Tijuca já esteve no Grupo de Acesso e isso faz pouco tempo. A Tijuca não só passou pelo Grupo de Acesso, como deixou lá um dos sambas mais bonitos de todos os tempos. Esse samba já é um clássico do carnaval carioca, não há quem não se arrepie na quadra Tijucana quando é entoado o refrão:
Pedras preciosas quero me enfeitar
Encantar a índia com o meu olhar
Só Tupã sabia
Que eu não podia me apaixonar
Ouça o samba 1999 da Unidos da Tijuca na íntegra:
O próximo samba também é de uma poderosa do Grupo Especial, a Vila Isabel, que fez uma breve passagem pelo Grupo de Acesso nos anos de 2001 a 2004, o samba “A Vila é para ti” campeão do Acesso de 2004 é delicioso, animado e a Vila fez um desfile empolgante, criativo e eu simplesmente adoro esse samba. Coincidências à parte esse ano foi a primeira vez que assisti o desfile do Grupo de Acesso no Rio e no mesmo ano acabei indo visitar a cidade de Paraty, a grande homenageada do samba. Talvez por isso esse samba me agrade tanto, me acabo cantando:
É orgulho na avenida cantar,
Refletir...
O meu canto em poesia, no mar
A Vila é para ti
Ouça o samba 2004 da Vila Isabel na íntegra:
Agora vou dar um pulo no Grupo Especial, mas sem sair do Acesso! Como assim, produção? É que vou recordar um período do Grupo Especial onde várias escolas diferentes do Acesso passaram por lá, escolas tradicionais, com comunidades fortes, mas que nunca mais conseguiram retornar ao Especial, mas deixaram sua marca com sambas divertidos, marcantes e que são lembrados por muitos até os dias de hoje.
Vou iniciar falando do samba “Mitologia, Astrologia, Horóscopo, uma benção para o carnaval brasileiro” da Unidos do Jacarezinho de 1989. A Jacarezinho fez uma breve passagem pelo Grupo Especial nos anos de 1987, com um samba em homenagem a Lupicínio Rodrigues e 1989 com esse samba falando sobre a Astrologia. Gosto muito de ouvir esse samba principalmente pelo refrão “chiclete” que não sai da minha
cabeça:
Oi gira roda 138, alô, alô
Me responda se eu serei
Neste dia o vencedor
Ouça o samba 1989 da Unidos do Jacarezinho na íntegra:
O próximo samba que vou apresentar é “Os Heróis da Resistência” da Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz de 1990. A Santa Cruz é uma tradicional escola carioca com algumas passagens pelo Grupo Especial, a última delas foi no ano de 2003 com o enredo “Do Universo Teatral à Ribalta do Carnaval” fazendo uma bela homenagem ao teatro brasileiro. Mas hoje vou apresentar esse samba que teve muita repercussão no ano de 1990 em função da homenagem ao jornal “O Pasquim”, muito importante na luta contra a ditadura militar brasileira. Outro mérito desse samba é a interpretação genial do saudoso Carlinhos de Pilares, simplesmente adoro o sotaque “carioquês” do refrão “por favor não apague a luixxxx! A luixxxx, a luixxxx”, simplesmente antológico:
Gip, gip, nheco, nheco
Por favor não apague a luz!
Goze desta liberdade
Nos braços da Santa Cruz
Ouça o samba 1990 da Acadêmicos de Santa Cruz na íntegra:
Outro samba que abordou um tema sério e polêmico foi o da Lins Imperial no Grupo Especial de 1991, “Chico Mendes, o Arauto da Natureza”. A Lins Imperial também fez uma curtíssima passagem pelo grupo principal das escolas de samba cariocas no anos de 1991, mas com certeza deixou ali sua marca com esse samba lindo e um desfile muito bem realizado:
Kararaô
O grito forte do índio ecoou
Kararaô
A natureza inteira despertou
Ouça o samba 1991 da Lins Imperial na íntegra:
Encerro a coluna dessa semana com o polêmico samba de 1995 da Villa Rica “Deu pano pra manga”. Polêmico porque muitos críticos taxam o samba de muito ruim e acham seu refrão principal mega-ultra “trash”! Eu discordo e me acabo cantando “Na teia da aranha eu to, na lã que te dá calor...”
Muitas outras confusões (típicas do mundo do samba) cercaram a Villa Rica nessa sua curtíssima passagem pelo Grupo Especial. Seu samba não fez parte do CD oficial do Grupo Especial de 1995 e contrariando a tradição da escola que sobe do Acesso abrir o desfile do Grupo Especial, ao contrário nesse ano a Villa Rica foi a última, fechando os desfiles, claro pra uma arquibancada vazia e totalmente “às moscas”! Quer dizer, as moscas não porque EU estava lá kkkkkk
O ano de 1995 foi a primeira vez que fui assistir aos desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro e vi desfiles clássicos e sambas memoráveis como “Mais vale um Jegue que me carregue, que um Camelo que me derrube lá no Ceará” da Imperatriz Leopoldinense e o samba “Gosto que me Enrosco” da Portela, respectivamente campeã e vice-campeã nesse ano. Como foi minha primeira vez no sambódromo não arredei o pé até a última escola desfilar, e qual a minha surpresa vem a Villa Rica com um desfile, simples, humilde para os padrões do Grupo Especial, mas com uma garra e os foliões de sorriso no rosto cantando, com muita força e animação, o comentado refrão “trash”, mas que eu confesso, adoro!!! E não me sai da cabeça:
Na teia da aranha eu tô
Na lã que te dá calor
No linho, na seda amor
Você fica linda como uma flor
Ouça o samba 1995 da Villa Rica na íntegra:
Um forte abraço a todos e Viva Samba!!!
Armando Chafik
* Armando Chafik Filho é Pedagogo, Mestre em Educação, professor universitário, Diretor do Site Carnavalesco Viva Samba, um fanático por carnaval e sambas-enredo!
Sugestões, críticas, elogios, etc. Entrar em contato via e-mail: armandochafik@hotmail.com
O que estou ouvindo Parte 02
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