Escola: Associação Cultural Esportiva Grêmio Recreativo Escola De Samba Andaraí
Fundação: 01 De Dezembro De 1946
Comunidades/Território: Santa Marta
Presidente: Thiago Bandeira
Carnavalesco: Alex Santiago
Enredo: Mulembá
Diretor De Carnaval: Thiago Nunes E Eduardo Amorim
Diretor De Harmonia: Wesley Denadai
Intérprete: Lauro Do Andaraí
Mestre De Bateria: Kaio Amorim
Rainha De Bateria: Fernanda Passon
1º Casal De Mspb: Alana Marques E Weskley Blank
Coreógrafo Comissão De Frente: George Lucas
Guiada pelos versos da mitologia africana, recitados a luz de uma fogueira, uma história é passada de geração em geração, na qual originou-se o planeta terra, os elementos da natureza, as plantas, os animais e o próprio homem.
No momento anterior à criação, existia apenas uma massa de ar infinita. O próprio Olorun e por ele emanou-se os Orixás primordiais, materializando-os em seus próprios anseios, estes eram os Orixás do branco (òrisa-funfun), divindades que ocupam o àwosùn dàra (a morada de Olorun, ou a morada do justo). Olorun move-se lentamente e ao respirar origina a água, e da relação entre a água e o ar cria Orixanlá ou (Òsàlá) o Grande Deus Branco, conhecido também pelo nome de Obatalá – Oxalá, do movimento constante da água e do ar, parte desta matéria solidifica-se dando origem a um monte de terra avermelhada, a qual Olorun soprou seu hálito (èmí) e também o ar divino (òfurufú) para que nascesse Exu Iangui (Èsú Yangí), a primeira forma viva e individualizada do universo. Assim, dividiu-se a criação em dois polos – o positivo e negativo, ou seja, manifestações de esquerda são chamados de éboras e de direita os orixás, esta é a lei que rege o universo, a polaridade. O branco que é expansivo e reflete a luz e o preto que é restritivo e absorve-a, para isso é necessário e equilíbrio, então o grupo vermelho, demoninado de axé, visto como o poder de realização da luz.
De acordo com a crença iorubá, o mundo começou no Ilê-Ifê quando o orixá Oxalá comunicou ao deus supremo, Olorum, o seu desejo de criar a Terra, chamada de Ilê Aiyê. Como na época o Ilê Aiyê era apenas água primordial, Olorun deu a Oxalá o saco da ceiação, que deveria ser jogar seu conteúdo sobre a água e uma galinha ficaria encarregada de espalhá-la sobre a superfície, dando origem às porções de terra do planeta, contudo embriagar-se com um vinho do dendezeiro e adormece, restando-lhe a tarefa de criar a humanidade a partir do barro, enquanto Olorun daria o sopro da vida aos indivíduos. Esta reconstrução majestosa do poema sacro sobre a criação do mundo na mitologia yorùbá, norteará os primeiros passos da GRES Andaraí para falar da história do próprio bairro.
O Enredo da Andaraí para o carnaval de 2021 entrelaça histórias, estórias, mitos e lendas da cultura popular para apresentar um espetáculo carnavalesco sobre o bairro de Santa Marta. Iniciando com o ritual sagrado da origem do mundo, que das mãos de Ododuá cria-se a terra, e esta uma planta sarmentosa, e seiva leitosa, a sagrada figueira africana, denominada pelos ancestrais de Mulembá, uma árvore real angolana, que sob sua sombra reuniram-se grandes chefes, reis e anciões do passado.
Por conseguinte, após a invasão portuguesa no continente africano e a diáspora desses povos no novo mundo, esta figueira sagrada foi transportada nos navios negreiros pelos escravos, para o Brasil, plantando-a na terra, como lembrança ancestral, para acalentar a dor da saudade, esta oferenda enraizou-se no solo sagrado da Capitania Hereditária do Espírito Santo, pertencente ao donatário Vasco Fernandes Coutinho. Passam-se anos que viram décadas, e estas desdobram-se em séculos, assim com a virar das páginas da história a capitania transforma-se no Estado do Espírito Santo e o local sagrado mais tarde chamar-se-ia de Fazenda Maruhípe.
Sagrado ou profano, sob lendas e estórias esta figueira impulsiona o surgimento do povoado com o nome de Mulembá, local por onde via-se e sentia-se vários fatos, bruxas, sapos, cobras e lagartos, boitatás, sacis, mula-sem-cabeça, lobisomens e até um home de 7 metros que sua sombra acompanhava a todos que por aquela terra passava. Dita como local do Demônio, terra profana ou amaldiçoada, sua história, a partir de estórias teria outro desfecho, com a criação do quartel e abertura da capital, Vitória, para a indústria, esta terra, pouco a pouco, vai tornando-se um local de migrantes e seja por troca, venda ou invasão casebres vão sendo erguidos, em meios aos mitos e lendas do lugar.
Primariamente a Fazenda Maruípe, vai se desmembrando e se transformando em bairros, mas o fato é que a pobreza se disseminava, mas com a união histórica das crenças populares, a força do quartel da polícia militar e guiados pela fé católica, o bairro inicialmente é chamado de tem novos desfechos com a construção da Igreja católica, e das mãos de Dona Maria Osório de Andrade, que fez uma promessa pedindo a cura de um de seus filhos que estavam com uma seria doença, leva para capela a imagem de Santa Marta, como agradecimento pela graça concebida. Desta forma o bairro de Mulembá denominou-se para de Santa Marta, por causa da doação dessa imagem.
Hoje, o bairro de Santa Marta é de grande importância para a cidade de Vitória. Neste local é abençoado, além de seus moradores, tem a feira, o bar do Marinho, as memórias do time de futebol que teve como primeiro nome Andaraí, depois Panela de barro, passou para Real Madrid, denominou-se tempos mais tarde como Nova Esperança, chegando a ser chamado de Olaria e por último Unidos da Santa Martha. Mas o fato é que desse time surge a GRES Andaraí, o escola que é o maior orgulho popular da região, ainda temos o colorido da Festa de São Benedito com batuque contagiante da Banda de Congo Amores da Lua, o tempo passa mas as recordações ficam encravadas na memória popular, parece que foi ontem que ouviam-se estórias do pé de Mulembá, do Saci, da Mula sem-cabeça, do curupira, do boitatá… Era o maior alvoroço quando acabava o ensaio da Lapinha, e todos teriam que ir para casa, pois o medo do homem de 7 metros era real, arrepiava tudo, e tão real que muitos correram de medo. Teve até uma história em que um saci deu uma surra em seu Nicolau em baixo do pé de mulembá.
Assim essa estória contagiante que ao chegar ao final, dá vontade de ouvir outra vez, sabe porquê? Esse enredo é fruto de construção social, passado pelas mãos de muitos, cada um à sua maneira contribuiu para esse grande espetáculo. Santa Marta é mais que um bairro ou santa no imaginário capixaba, e produto do sincretismo entre as várias culturas e também uma santa católica para o fiel ou descrente pedir por dias melhores. Assim, em procissão vamos participar do cortejo à Santa Martha, pedindo proteção e cura, nestes tempos tão diferentes de coronavirus, para mais vez exaltar a vida. E quem sabe nesse carnaval conquistar o tão sonhado título.
Alex Santiago Duarte Leite da Silva
Compositores: João Machado, Thiago Bandeira, Lauro e Thadeu Ronchix
Ê, Povo De Fé …Santa Martha
Teu Solo Tem Axé…Santa Martha
Terra Abençoada, De Tradição
Andarai, Somos Filhos Desse Chão
Oxalá…”Num” Sopro Pela História Nos Conduz
Com As Bençãos De Olorum Se Fez A Luz
Dos Elementos À Humanidade
Mulembá… Árvore Sagrada Tem Missão
Herança Ancestral Da Criação
Raiz Que Acalenta A Saudade
Floresceu, Quando Viajou Ao Novo Mundo
Aportando Em Solo Tão Fecundo
Com Lendas E Mistérios À Enfrentar
Profana Visão,
Sagrado Lugar
Estenda As Suas Mãos E Agradeça Aos Céus
Prometa Em Oração, Deus É Fiél!
Foi Só Pedir Com Fé E Aconteceu
No Amor De “Maria” O Milagre Nasceu
Lembranças Em Cada Esquina
O Vento Soprando A Herança
Cantinho Ira Chamar De Meu
O Coração, Chega Balança
Morada Da Poesia
Sinto A Nostalgia
Guardo Na Memória
Costumes, Momentos De Pura Alegria
Futebol E Prosa Na Mesa Do Bar
Vai Ecoar A Esperança Em.Meu Tambor
Guiado Pela Forte Oração
Em Verde-Rosa Eu Sigo A Procissão.
1º SETOR – O INICIO DE TUDO
Essa história é retirada de tradição oral dos povos africanos, passada pelos mais velhos a luz das fogueiras, que de geração a geração a história de Obàtálá e a Criação do Mundo é contada. Diante da filosofia religiosa yorubana as rimas da poesia sobre a criação, não há um criador apenas, e sim infinitas potências criadoras que formam em seu conjunto, uma substância Una e Eterna, cuja essência é inescrutável e por conseguinte, in suscetível de qualquer especulação. Nesses contos poéticos narram-se a existência do supremo criador de tudo, chamado Olorun, que fez suas emanações materializarem-se na forma dos OIorumalês, os Orixás-funfun, Orixás do Branco. Estes sendo emanações diretas de Olorun são portanto, os seres mais elevados da escala da existência.
Quando Olorun decide criar a terra, chama Oxalá, entrega-lhe o “Apo iwa” (bolsa da existência) e dá-lhe instruções para a realização da solene tarefa. Mando-o seguir o caminho para criar o mundo. Oxalá chama os outros orixás para acompanhá-lo. Todavia Oduduwa afirma que antes da viajem necessitaria fazer suas oferendas para Exú, o senhor do caminho. Assim todos seguem viajem e Oduduwa fica. No caminho Oxalá encontra-se com Exú que lembrando-o dasr obrigações anteriores a viajem, Oxalá não para e segue seu percurso, mas Exú sentencia-o em não conseguir realizá-lo. No caminho Oxalá sente sede, mas não para mesmo ao passar por um rio, em uma aldeia oferece-lhe leite, ele segue focado em sua missão, mas a sede vai ficando insuportável e deparasse com o igi ope, o dendezeiro, sem conseguir conter sua sede, abre o tronco da palmeira com seu cajado, e embebeda-se com o vinho da palma, até desmaiar.
Oduduwa foi consultar o oráculo Ifá, do qual determinou-a que fizesse suas obrigações, conforme o jogo do Pai do Babalaô. Oduduwa leva cinco galinhas, das que têm cinco dedos em cada pé, cinco pombos, um camaleão, dois mil elos de corrente e todos elementos que acompanham o sacrifício. O sacerdote pegou estes últimos e uma pena da cabeça de cada ave e devolveu a Oduduwa as correntes, as aves e o camaleão vivos, e a última coisa que Oduduwa tinha que fazer era levar uma oferenda a Olorun.
Olorun ao ver Oduduwa repreende-a argumentando sobre a transgressão de suas ordens, mas Oduduwa explica-lhe que estava seguindo as profecias do oráculo Ifá, que mando-a fazer suas oferendas. Olorun aceita as oferendas e lembra-se que tinha esquecido de colocar no Apo Iwa (bolsa da existência), entregue a Oxalá, um saco que contém terra sagrada, um dos ingredientes necessários para a criação do mundo e designa para Oduduwa a missão de entregar este o saco para Oxalá. Oduduwa encontra Oxalá desmaiado, na beira do caminho, com os outros Orixás à sua volta sem saber o que fazer, tenta acordá-lo, mas não consegue, assim Oduduwa volta para Olorun, que ouve os fatos, entrega este o saco com terra, uma concha de igbin (caracol) uma galinha e um dendezeiro (palmeira) para Oduduwa, para que ela terminasse a missão de criar a terra.
Oduduwa lança a terra sobre a água, e nela colocou a palmeira e enviou Eyele, a pomba, para esparramá-la. Eyele trabalhou muito tempo, para finalizar a tarefa, “Oduduwa” envia cinco galinhas com cinco dedos em cada pé, para ciscarem as terras para o vasto planeta. Estas aves removeram e espalharam a terra em todas as direções, à direita, à esquerda, ao centro e a perder de vista. Elas continuaram durante algum tempo. Para saber se se a terra estava firme, o camaleão coloca primeiro uma papa, tateando, apoiando-se sobre esta, coloca a outra e assim sucessivamente até que sentiu a terra firme, depois Oduduwa dá o primeiro passo sobre a criação, sendo o primeiro orixá a pisar em terra firme. Neste meio tempo Oxalá acorda e vendo-se só sem o apo iwa, retorna a Olorun, lamentando-se, Olorun tenta apaziguá-lo e em compensação transmitiu-lhe o saber profundo e o poder que lhe permita criar todos os tipos de seres que iriam povoar a terra.
Oxalá recebe o Sopro Divino, a primeira manifestação individualizada de Olorun que é a vida una, eterna, invisível, mas onipresente; sem princípio e sem fim; inconsciente, mas Consciência Absoluta; incompreensível, mas realidade existente por si mesma. Oxalá o Sopro-Divino, provoca o movimento que fecunda e energiza o Eterno em repouso no Oceano-do-não-ser, onde tudo existe sem forma e, ocasionando o surgimento da diferenciação, desperta o Plano Divino, onde jaz oculta a elaboração de todos os seres e coisas futuras. Assim Oxalá não criou o mundo, mas se concretizou através de emanações, que deram origem a vida no planeta.
E deles surgem os primeiros habitantes que passam a usufruir de sua criação, a princípio vieram os primeiros hominídeos, que viviam nas cavernas e se relacionavam por instinto. Logo organizaram-se como civilizações caçadoras, coletoras e pastoras, desta forma, a partir de um ritual sagrado, na África Austral inicia-se a vida no planeta pelas mãos de Oxalá, que a cada amanhecer vai se consolidando o culto aos seres criadores do mundo, os humanos adorando os elementos da natureza e a força oriunda das plantas capazes de ligar a terra e céu, promover contato com os mortos e resgatar a vida através do dom da cura. Esses povos evoluíram para os Bantos e Ambundos.
O mulembá Árvore da família das moráceas, é descoberta e adorada pelos povos Ambundos, era plantada à frente das aldeias, simbolizava a autoridade do chefe e a ligação entre os ancestrais e os vivos. Na moderna Luanda, o sítio histórico e religioso chamado Mulemba Uaxa Ngola, marcado por uma dessas árvores centenárias, é local de culto à memória do primeiro Ngola-a-Kiluanje, grande ancestral dos Ambundos.
COMISSÃO DE FRENTE: GUARDIÕES DA ÁRVORE SAGRADA
A Comissão de Frente da ACEGRES Andaraí vem representando os seres encantados da Floresta, guardiões da arvore sagrada. Aos pés do Mulembá ficam guardados os mistérios da crença de um povo que atravessou o oceano e plantou sua crença, após o rio dos maruins, Maruípe, tudo indica, é um termo também antigo de origem tupi. Y = água; pe = caminho; ype, caminho de água, ou seja, rio. Protegido pelo rio de maruins a árvore durante muito tempo é cultuada, hoje os componentes da comissão de frente são os guardiões da sabedoria sagrada do antigos africanos.
ALA 1 – O GRANDE DEUS BRANCO “OXALÁ”
Retirado dos contos poéticos do criacionismo africano, no momento anterior à criação, existia apenas uma massa de ar infinita. O próprio Olorun e por ele emanou-se os Orixás primordiais, criando as divindades que ocupam a morada do justo, materializaram-se dos respiros de Olorun a água e o ar criando o grande Deus Branco, “OXALÁ”. Esta ala representa a criação do universo, partindo da mitologia africana para criação do universo. Em sua concepção artística representa o grande orixá branco, que recebe de recebe de presente de oxalá, o cajado da que dar origem a vida.
ALA 2 – ABRE CAMINHO
Criado do movimento constante da água e do ar, solidificando-se em um monte de terra avermelhada, do qual Olorun soprou seu hálito para que nascesse Exu Iangui (Èsú Yangí), a primeira forma viva e individualizada do universo. Assim, a leis que regem o universo se dividiu em dois polos – o positivo e negativo, as manifestações de esquerda são éboras e de direita os orixás, a lei que rege é a polaridade. Para Exu, simbolicamente, suas cores são vermelho e preto, preto que é restritivo e absorve as cores, para isso é necessário e equilíbrio, então o grupo vermelho, denominado de axé, visto como o poder de realização da luz. Desta forma, a Ala Abre caminho faz uma homenagem ao considerado um dos maiores orixás, que atua como mensageiro, fiel, justo, representa força, liberdade, guardião e protetor de aldeia, cidades e casas.
ALA 3 –ÁGUA E FOGO
Seguindo a criação do universo, para assim, chegarmos na criação da natureza e o homem, a essência da cultura religiosa africana, vem dos elementos da natureza. Para realizar a sublime tarefa da criação, os elementos Água e Fogo são primordiais para surgir a terra, brotar plantas e os animais. Oxalá comunicou ao deus supremo, Olorum, o seu desejo de criar a Terra, chamada de Ilê Aiyê. Como na época o Ilê Aiyê era apenas água e o fogo primordial.
DESTAQUE DE CHÃO – O LAGARTO
No início de tudo, Olorun escolheu para compor o saco da criação, cinco galinhas d´angola e um lagarto, as galinhas seriam responsáveis de ciscar a terra, e após ciscarem, o lagarto pisaria sobre os montes de terra para deixá-los firmes, estariam responsáveis de compactar o mundo, dando origem às porções de terra do planeta. O destaque de chão “O LAGARTO”, tem grande importância no enredo, uma vez que este animal foi escolhido por Olorum, para deixar a terra firme, para habitarmos.
Destaque de Chão: Reginaldo Pires
1º ALEGORIA – A origem da criação
Esta alegoria representa a criação do mundo, segundo a crença iorubá. Oxalá recebe a bolsa da existência e as instruções para criação do mundo. Contudo no meio do caminho dorme, por não ter pedido permissão a grande senhor do caminho, Oduduwa, volta e explica a Olorum, que a entrega novamente o saco da criação, e ela, de seu ventre, “Mãe Natureza” faz surgir a terra e os seres vivos. Quando Oxalá acorda ver toda criação e fica responsável e criar o homem. Acompanharam a criação as deusas da Água e do Fogo primordiais, que a união dos elementos tudo é criado. Surgem os primeiros animais da savana, os búfalos, a zebra, o elefante, o leão e o grande lagarto, responsável por colocar a terra firme para todos os seres viverem em comunhão. A grande destaque é “Oxalá”, Deus branco, com seu cajado, que tem a responsabilidade de dar a vida.
Esta alegoria, em sua concepção artística representa a leitura carnavalesca da criação, vem com o grande lagarto na frente, assentando a terra para tudo que será criado, fique seguro. É um monte de terra, do qual, os animais criados pela “Mãe Natureza” podem viver, correr e reproduzir livremente. Os animais em destaque da alegoria são búfalos, a zebra, o elefante e o leão. As principais deusas da criação Oduduá, “Mãe Natureza”, sua representação como uma tronco de arvore é porque dela surge a figueira Mulembá, tema do nosso enredo, a Deusa da Água Primordial e a Deusa do Fogo. No fundo temos o grande Deus Branco “Oxalá” responsável de criar o homem, este que no futuro adorou a figueira sagrada e atravessou o oceano plantando-a no novo mundo.
DESTAQUES DE CHÃO: AFRICANIDADE NO SANGUE
A missão de Oxalá após acordar, e ver que o mundo já tinha sido criado foi criar os seres humanos, e assim o fez, o criou o homem a sua imagem e semelhança. Este destaque representa o sangue do povo negro, simbolicamente o primeiro africano.
Esta fantasia, em sua concepção artística representa o primeiro homem criado por Oxalá. Por ter sangue africano, este homem, no futuro é escravizado e no novo mundo trás suas raízes, adorações e crenças. Em meio a suas roupas, traz escondido a semente do mulembá. Representa os grandes guerreiros, que todos adornados com dentes e penas trás a arte, a crença e a religião do povo africano, que mesmo em outra terra, não esqueceram suas raízes, trazendo a semente de mulembá, para terras capixabas.
Destaques de Chão: Alexsandro Teodorio e Rogério de Souza
ALA 04 – POVOS KHOISAN – “CAÇADORES E COLETORES”
Após a origem da vida no planeta, o homem é criado e passa a usufruir da vida no planeta. Explorando a grande massa de terra, inicialmente nas cavernas, depois em bandos, passando a ser pastores, coletores, organizando-se em sociedades, que tinha o objetivo de sobrevivência e adoração. Nosso enredo se propõe a apresentar a região de Angola, país do qual vieram a maioria dos escravos vendidos para Capitania do Espírito Santo, e provavelmente trouxeram a semente do Mulembá. Em Angola existem 3 grupos populacionais quanto à origem: povos bantu, khoisan e vatwa. Esta ala vem representar os povos Khoisan.
ALA 05 – GUERREIROS BANTOS
Os bantos formam um grupo étnico africano que habitam a região da África ao sul do Deserto do Saara. Formado por mais de 300 subgrupos étnicos, que vivem também da pesca e da caça. Estes subgrupos possuem em comum a família linguística banta. Tem são povos de grande adoração os deuses, seu tronco linguístico foi responsável pelos relatos orais, passados de geração e geração, o culto aos minkisi, divindades bantu comparadas aos orixás. Eles são representados por grandes máscaras que servem de proteção e simbologia os elementos da natureza.
1º CASAL DE MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA: O SOL
Nome Mestre Sala: Weskley Blank
Nome Porta Bandeira: Alana Marques
Significado da Fantasia: O sol
O primeiro casal de Mestre Sala e Porta Bandeira tem o nome do astro principal – O SOL, elemento primordial que marca o tempo, a vida e um novo começo. O sol tem grande valor para os povos africanos, pois marca o início de uma jornada quando nasce, e o fim ao se pôr, é a força vital que movimenta as energias do planeta. O principal elemento da colheita, a cor dourada simbolicamente representa riqueza e prosperidade. Sem sua presença não haveria vida na terra. O primeiro casal traz o sol, que representa o amanhecer na África. Tanto a Porta, quanto o mestre Sala formam um único elemento, apesar de serem dois, representa a luz da lua, que também é vista como um sol, uma vez que segundo a lenda era um único elemento até se separarem e criarem o dia e a noite, pois só existia o dia.
GUARDIÕES DO PRIMEIRO CASAL
Os guardiões do Primeiro Casal representam os adoradores do sol. Povos africanos que cultuam o sol, e coloca ele como ser supremo. Os guardiões representam a força da cultura africana, que se sustenta a cada novo dia.
ALA 06 – GUERREIROS AMBUNDOS
Os Ambundos são o segundo maior grupo étnico que deram origem ao povo angolano, organizam-se em locais fixos, colcam como base o respeito pela ancestralidade e crença de que eles podem intervir no mundo; na religião fazem a manipulação de forças do bem e do mal através do acesso a divindades, possuem práticas rituais, como sacrifícios e orações, e uso de amuletos e talismãs. Também possuem práticas de cura. Em Angola, a arvore do Mulemba é a árvore real, servindo de sombra onde se reuniam os chefes, sacerdotes e reis.; pois delas que os deuses sagrados fazem de ponte para ligar o céu e a terra. Esta ala vem representar os povos Ambundos.
2º SETOR – COLONIZAÇÃO E TRAVESSIA AO NOVO MUNDO
A história da colonização da África é documentada inicialmente pelos fenícios que começaram a estabelecer colônias na costa africana do Mediterrâneo, por volta do século X a.C. os gregos, a partir do século VIII a.C. os romanos, no século II a.C. os vândalos. Depois da queda do império Romano e a consolidação da Idade Média no século V pelo Império Bizantino, no século VI pelos os árabes, no século VII os estados modernos da Europa. A colonização recente da África iniciou-se com os descobrimentos e com a ocupação das Ilhas Canárias pelos portugueses, no princípio do século XIV. A ocupação territorial, exploração econômica e domínio político do continente africano tem início no século XV, ligada à expansão marítima, a primeira fase do colonialismo africano surge da necessidade de encontrar rotas alternativas para o Oriente e novos mercados produtores e consumidores. Os europeus foram capazes de capturar milhões de africanos e de os exportar para vários pontos do mundo naquilo que ficou conhecido como a escravidão.
Os portugueses, sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João II, chegam ao Zaire em 1484. É a partir daqui que se iniciará a conquista pelos portugueses desta região de África, incluindo Angola. O primeiro passo foi estabelecer uma aliança com o Reino do Congo, que dominava toda a região. Ao sul deste reino existiam dois outros, o de Ndongo e o de Matamba, os quais não tardaram a fundir-se, para dar origem ao reino de Angola, que se constituiu como território ultramarino português mais extenso depois do Brasil. Naturalmente que os propósitos da descoberta, era evangelização e essencialmente a exploração possibilitando a captura de escravos, eu comércio para as terras descobertas no novo mundo.
Contudo alguns milhares de quilômetros separam a América do Sul da África, a viagem entre os continentes levava algumas semanas, no entanto, esta travessia marcava os piores momentos vividos pela humanidade, inicialmente tribos haviam sido aprisionados em guerras ou povos nômades caçados por grupos de brancos especializados na obtenção de mão de obra escrava para as regiões coloniais da América e levados para os portos africanos, que comercializavam-nos como mercadoria, eles tinham um valor alto no mercado, pois eram mais aptos e disciplinados para o trabalho no campo e nas minas. Nesta história milhares de negros desembarcaram na Capitania Hereditária do Espírito Santo, do donatário Vasco Fernandes Coutinho.
A Capitania do Espírito Santo foi uma das capitanias do Brasil durante o período colonial, foi doada a Vasco Fernandes Coutinho, em 1 de junho de 1534, que se tornou o donatário, acompanhado de sessenta degredados, desembarcou da nau Glória numa pequena enseada nas faldas do morro da Penha, a 23 de maio de 1535, um domingo de Pentecostes, razão pela qual o donatário resolveu batizar o seu lote com o nome de Capitania do Espírito Santo. Com a descoberta de minas de ouro no interior da Capitania do Espírito Santo no início do século XVIII, em 1704, a Coroa Portuguesa determinou que todos os que se encontrassem nas lavras de ouro se recolhessem à vila da Vitória, e que se evitassem, a todo o custo, excursões à região, que foi desmembrada do território capixaba e deu origem às Minas Gerais. Foi proibida ainda a abertura de estradas ligando a Capitania às Minas, pelas mesmas razões de segurança. Apenas com a proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, o seu status foi alterado para província, permanecendo assim até a Proclamação da República Brasileira, em 15 de novembro de 1889, quando se transformou no atual estado do Espírito Santo.
A fundação do Espírito Santo e a cidade de Vitória começa 34 anos depois da chegado dos portugueses ao Brasil, em 1500. Explorando a região buscavam um local seguro para se proteger dos ataques dos índios e de outros estrangeiros, principalmente de holandeses e franceses. A cidade de Vitória possuía grandes fazendas que tinham como missão desenvolver a economia da capital, sendo as principais Sítio Queiroz ou Fazenda Mata da Praia, Fazenda Rumão, a Fazenda Jucutuquara e a Fazenda Maruhype.
Em relação a ocupação da Fazenda Maruhype relaciona-se com o loteamento “Vila Maria”, em “Maruhype,” aos parcelamentos da Fazenda Maruípe e das glebas pertencentes aos herdeiros do Barão Monjardim, por outro ao loteamento Nossa Senhora da Consolação, em Gurigica e as invasões nos morros e mangues.
O terreno ocupado pelo bairro Santa Martha, era conhecido como Fazenda de Maruípe, uma extensa área de pastagem pertencente ao governo, a ocupação territorial é datada nas primeiras décadas do século XX, mais precisamente 1930. No início o bairro era conhecido pelo nome de Mulembá, devido a existência de uma árvore enorme, situada na parte alta, o mulembazeiro. Contam os moradores mais antigos que o pé de mulembá representava a “casa do demônio” e que de lá saíam bichos, curupiras, boitatás, sacis e um homem de 7 metros, fazendo com que o bairro não progredisse. Estas lendas geravam em alguns moradores o desejo de mudança de nome do bairro.
RAINHA DE BATERIA – Fernanda Passon – Coroa Portuguesa
A ocupação territorial, exploração econômica e domínio político do continente africano tem início no século XV, ligada à expansão marítima, a primeira fase do colonialismo africano surge da necessidade de encontrar rotas alternativas para o Oriente e novos mercados produtores e consumidores. Assim, a Coroa Portuguesa, comandada por D. João I, chegando no Zaire, Angola, formando aliança com o Reino do Congo e iniciando a escravidão no novo mundo.
A fantasia da Rainha de Bateria, em sua concepção artística representa a Coroa Portuguesa, representa as joias da coroa, em ouro e esmeraldas. A Coroa Portuguesa foi uma das principais influenciadoras do tráfico negreiro, trazendo os povos africanos para a terra recém descoberta. A predominância das cores é verde e ouro.
Rainha de Bateria: Fernanda Passon
ALA 07 – BATERIA – INVASÃO PORTUGUESA “NAVEGADOR DIOGO CÃO”
A Bateria representa o nobre, “Diogo Cão”, que foi um navegador português do século XV, possivelmente nasceu em Vila Real. Este navegador foi enviado em expedições, pela Cora Portuguesa, Dom João I , em duas viagens de descobrimento da costa sudoeste africana, entre 1482 e 1486. Descobriu e colonizou o território de Angola. Naturalmente, os propósitos da descoberta era o povoamento, exploração e essencialmente a evangelização para tirar partido comercial do território. Diogo Cão estabeleceu uniu-se com o reino do Congo, que apoiou os portugueses nas suas atividades e mais tarde a escravidão.
EQUIPE MUSICAL
A equipe musical, representa a Igreja Católica, catequizando tanto a África Negra, como o novo mundo descoberto. Vem com o interprete oficial vestido de Padre, os intérpretes de apoio de Coroinhas e os músicos com cavaco e violão de sacristão.
DESTAQUE DE CHÃO – O REINO DE CABINDA E ZACIMBA GABA “PRINCESA ESCRAVIZADA NO BRASIL”
A escravidão no Brasil foi implantada no início do século XVI. Zacimba Gaba foi uma princesa guerreira do reino de Cabinda, em Angola, na África. Nasceu no século XVII, comandou seu povo numa guerra contra a invasão portuguesa na região costeira. No Espírito Santo, ela foi vendida com mais 12 súditos ao fazendeiro português José Trancoso. Zacimba foi cruelmente castigada por não se submeter às ordens do senhor, foi proibida de sair da Casa Grande e submetida a sessões de tortura física e psicológica. Quando finalmente Trancoso morreu envenenado, Zacimba ordenou a invasão da Casa Grande pelos escravizados da senzala, guiou seu povo pela fazenda, guerreando contra os capatazes, e fugiu, fundando um quilombo no Norte do Espírito Santo.
Destaque de Chão: Stefani Adriano
ALA 08 – ÁFRICA ANCESTRAL DE VÁRIAS CORES
É sabido que Portugal tinha uma população pequena e não tinha condições de dispensar parte de seus habitantes para sua. Para suprir os braços que faltavam, os colonizadores usaram a escravidão, assim, o transporte de pessoas escravizadas fomentou a produção de mais embarcações, alimentos, vestuário, armas. Por isso, o tráfico negreiro representou um ótimo negócio, e assim vieram para o Brasil, povos de vários lugares da África, sendo vendidos nos portos. Os vários povos capturados e vendidos formam um arco-íris de sangue, cultura e cores sendo criado no solo brasileiro.
ALA 09 – ESPÍRITO SANTO – FESTA, CAPITANIA E ESTADO
Em 23 de maio de 1535, um domingo de Pentecostes, Vasco Fernandes Coutinho, desembarcou da nau Glória numa pequena enseada nas faldas do morro da Penha. Esta foi a razão pela qual o donatário resolveu batizar o seu lote com o nome de Capitania do Espírito Santo. Este estado, capitania com o nome Espírito Santo, oportuniza uma festa chamada festa do Divino, enfatizando a catequese na capitania.
DESTAQUE DE CHÃO – O MULEMBÁ CHEGA PELAS MÃOS DE UM ESCRAVO
No início do processo de colonização no Brasil, empregou-se a mão de obra indígena. Contudo, escravizar africanos era muito mais lucrativo que escravizar indígenas, e por esta razão, os europeus preferiram investir no tráfico negreiro. Assim, após sua captura na África, os seres humanos escravizados enfrentavam a perigosa travessia da África para o Brasil nos porões dos navios negreiros, onde muitos morriam antes de chegar ao destino. Foram vendidos, passavam a trabalhar de sol a sol, recebendo uma péssima alimentação, vestindo trapos e habitando as senzalas. No coração do povo escravo estava cheio de amor pela África que ficou no passado, assim como seu corpo, a semente do Mulembá, arvore sagrada, vem pelas mãos de um escravo, e é plantada em solo capixaba, nas nascer, crescer e servir de base para continuidade de sua religião. Por isso o destaque ao escravo e o mulembá, pois foi este personagem da história que trouxe as sementes da planta sagrada para o Estado Espírito Santo.
Destaque performático: Jackson Mello
ALA 10 – OS GUARDIÕES DA FLORESTA DO MULEMBÁ
A Fazenda Maruhype, relaciona-se com o loteamento “Vila Maria”, local próximo à fazendo Monjardim. Assim, entende-se que os escravos decidirão plantar a arvore sagrada, para celebrarem os rituais profanos. O terreno ocupado hoje, pelo bairro Santa Martha, era conhecido como Fazenda de Maruípe, uma extensa área de pastagem pertencente ao governo. A assim ocorreu, esta ala os seres da Floresta do mulembá, são os guardiões da sabedoria ancestral. No pé do Mulembá fica guardado os mistérios da crença de um povo que atravessou o oceano e plantou sua crença, após o rio dos maruins.
DESTAQUE E CHÃO: A SERPENTE
O culto a serpente foi trazido pelos povos ancestrais africanos, representa uma mistura de rituais e práticas tradicionais da África ocidental com crenças (principalmente cristãs) que foram ensinadas aos escravos africanos pelos seus captores europeus. Foram propagadas nas senzalas e realizadas em locais sagrados, longe dos olhos dos capitães do mato e senhores. Representa poder e magia. O destaque de chão a serpente vem para representara magia ancestral da religiosidade africana.
Destaque de chão: Jéssica Teles
ALA 11 – LUGAR DE BRUXARIA
Assim, ocorreu, onde foi colocado a arvore sagrado do mulembá, virou um local para praticarem magia. O termo fetiche é originado da palavra em português “feitiço”, que na Idade Média designava práticas mágicas ou bruxaria. A palavra “feitiço”, por sua vez, é derivada do adjetivo em latim facticius, que significava originalmente “fabricado” ou “coisa feita”. Este local, durante muito tempo, foi escondido e protegido na floresta. Sendo visitado por seres mágicos que geraram muitos boatos na região. Onde se viam e ouviam coisa de arrepiar. A ala lugar de bruxaria vem marcar o lugar que foi plantado o mulembá, mas pelos boatos acabaram derrubando a planta.
DESTAQUE DE CHÃO: MARUÍPE: O CAMINHO DOS INSETOS
Maruípe, tudo indica, é um termo também antigo de origem tupi. Y = água; pe = caminho; ype, caminho de água, ou seja, rio. Protegido pelo rio de maruins a arvore durante muito tempo é cultuada. Hoje a fantasia do destaque de chão maruípe, representa o insento que levava os homens ao pé de mulembá, protegendo a disseminação da sabedoria sagrada do antigos africanos. Este ser encantado é um elemento central das lendas, fantasias, mistérios e cultos caboclos, que teve forte influência ameríndia e, posteriormente, influência negra, dando muitos contos e lendas.
Destaque de chão: Gedilson Silva
SEGUNDA ALEGORIA – MITOS, LENDAS E VISÕES
No início o bairro era conhecido pelo nome de Mulembá, devido a existência de uma árvore enorme, situada na parte alta, o mulembazeiro. Contam os moradores mais antigos que o pé de mulembá representava a “casa do demônio” e que de lá saíam bichos, curupiras, boitatás, sacis e um homem de 7 metros, bruxos. Devido, este motivo, o bairro não progredia, assim derrubaram a árvore. Estas lendas geravam, também em alguns moradores, o desejo de mudança de nome do bairro. O Segundo carro Mitos, lendas e visões. Representa o lugar onde foi plantado o mulembá e depois foi cortado pela população. Carnavalescamente, este local sagrado ficava protegido por Dríades, protetoras da floresta na forma de tronco de árvores e rosto de caveira para assustar as pessoas com más intenções. Ossos e caveiras deixados pelos bruxos na tentativa de assustar as pessoas para não se aproximarem. Como as esculturas da mula-sem-cabeça e dois boitatás seres mágicos que assustavam as pessoas, fazendo que não se aproximassem do local e seus destaques são bruxos, bruxas e fantasmas. Todo carro é uma grande fogueira que liberta os contos, as lendas e as superstições. Os encantados apresentados não são necessariamente de origem afro-brasileira e não morreram, e sim, se “encantaram”, ou seja, desapareceram misteriosamente, tornaram-se invisíveis ou se transformaram em um animal, planta, pedra, ou até mesmo em seres mitológicos e do folclore brasileiro como boitatás, mulas-sem-cabeça e bruxos.
3º SETOR – CONSOLIDANDO UMA NOVA HISTÓRIA
Aconteceu que em 1958, ao iniciar da construção da Igreja Católica, os filhos da Senhora Maria Osório de Andrade ficaram doentes, e esta fez uma promessa, na qual se seus filhos sobrevivessem, ela doaria a imagem de Santa Martha de Betânia para a igreja local, e o milagre aconteceu. Dona Maria Osório comprou a imagem foi doada
A imagem é Santa Martha é normalmente invocada pelos cristãos para interceder por suas preces, normalmente coisas urgentes e difíceis, como foi a ressureição de Lázaro. Considerada uma poderosa intercessora, pois foi a responsável por interceder pelo seu irmão, e tendo Cristo trazido de volta à vida por conta da sua solicitação. Protetora contra mau olhado, pragas, inveja, bruxarias, descarrego. E assim o bairro misteriosamente passou a ser chamado pela população de Santa Martha.
A eterna escuridão era natural ali nos idos da década de 30 de século passado. As únicas luzes possíveis cintilavam lá pelas bandas de Jucutuquara ou brilho cadenciado dos inúmeros pirilampos nas noites escuras. O lampião a querosene era o companheiro das noites dos poucos moradores locais. As águas que abasteciam as casas de estuque e pau-a-pique brotavam nas fontes das chácaras ou poços artesianos. Era tudo uma grande invasão, pontilhada de cavalos que se alimentavam do mato rasteiro.
A ocupação do bairro foi acontecendo lentamente, com os primeiros moradores construindo seus domicílios principalmente na parte baixa do bairro, devido à proximidade com a Av. Maruípe e a Rodovia Serafim Derenze, possibilitando aos moradores maior facilidade de deslocamento e de acesso à cidade e seus serviços. Originalmente os moradores abandonaram outras áreas de Vitória em busca de espaços vazios onde pudessem construir suas casas e transformarem-se em proprietários. Os motivos que os trouxeram para o bairro foram a busca de moradia própria, tratamento médico, prestar serviços à Polícia Militar e o trabalho na construção civil; Companhia Vale do Rio Doce e Porto de Vitória.
Um grande ponto de destaque foi o estabelecimento do Quartel da Polícia Militar em Maruípe, que passou a atrair a população ampliando a ocupação da área. Algumas pessoas se instalaram na região, tentando obter a posse da terra. Outras começaram a comprar lotes perto do quartel, ou adquiriram terreno através de requerimento de posse junto ao Governo do Estado ou ainda, compraram o terreno de terceiros, trocaram, invadiram. As situações distintas na ocupação do bairro, a saber: no início foi invasão, posteriormente o Estado loteou ou passou a posse da terra aos moradores que a requereram objetivando a legalização da posse junto a Prefeitura Municipal de Vitória. Outros compraram os terrenos dos primeiros ocupantes da área.
As melhorias urbanas ocorridas em Santa Martha devem-se à influência do Quartel da Polícia Militar que fica próximo ao bairro. Diante das precariedades da região, criaram-se pelo governo estadual uma pré-urbanização mínima, para atender às necessidades do Quartel, e também as exigências de trabalho dos policiais que atuavam na área. A urbanização da área do Quartel e arredores, passou a representar prosperidade para o local e, consequentemente atraiu novos moradores, dando início a expansão da aglomeração que passa a ocupar os espaços vazios da região.
DESTAQUES DE CHÃO: O SAMBA INVADE O MORRO DO MULEMBÁ
Este destaque representa o samba chegando junto com a ocupação do bairro, que ocorreu lentamente, o próprio samba tem em sua raíz falar do povo e de sua própria vida, a falta de água, o cabelo duro, a falta de amor, a bebedeira. Assim, os primeiros moradores do bairro “Mulembá” vão construindo seus domicílios, sempre com os olhos na mulata bonita e que tem samba no pé. Uma vez que os moradores abandonaram outras áreas de Vitória em busca de espaços vazios onde pudessem construir suas casas e transformarem-se em proprietários, vão fazendo do bairro um local de intercâmbio cultural.
Destaque de chão: Larissa
ALA 12 – A PARADA MILITAR
É fato que o motivo, da população, em deixar o bairro residencial foi à busca pela moradia própria, tratamento médico, prestação serviços à Polícia Militar e o trabalho na construção civil; Companhia Vale do Rio Doce e Porto de Vitória. O estabelecimento do Quartel da Polícia Militar atraiu a população ampliando a ocupação da área, como também oportunizando, no local, grandes momentos para desenvolver o amor ao país e os atos cívicos. Um dos grandes pontos, são os desfiles do dia 07 de setembro, onde é realizada a parada militar, com as bandeiras do Brasil balançando por toda parte. Assim, aos poucos, o bairro do Mulembá vai encontrando outro caminho e mudando sua história.
ALA 13 – VELHA GUARDA – POLÍCIA MILITAR DO ESPÍRITO SANTO
Velha guarda da GRES Andaraí, vem de Polícia Militar do Espírito Santo, uma vez que as melhorias urbanas ocorridas em Santa Martha se devem à influência do Quartel da Polícia Militar que fica na proximidade do bairro. Diante das precariedades da região, criaram-se pelo governo estadual uma pré-urbanização mínima, para atender às necessidades do Quartel, e também as exigências de trabalho dos policiais que atuavam na área. A urbanização da área do Quartel e arredores, passou a representar prosperidade para o local e, consequentemente atraiu novos moradores. Assim a velha guarda da escola vem representado a Polícia Militar, indivíduos e grande importância para a população brasileira.
ALA 14 – A CONSTRUÇÃO DA IGREJA
Em 1958, no bairro do Mulembá, dar-se início da construção da Igreja Católica. Onde teve-se grande mobilização social de todos do bairro, é fato que a importância da construção da igreja em uma comunidade marca um passo para consolidação da fé cristã, e afastamento do passado. Uma vez que nos templos, pode-se adentrar deixar preocupações, lutas e labores na parte externa. Neles pode-se acalmar a mente e o espírito. Se refugiar, pois é a casa do Pai, do Pai Celeste.
ALA 15 – BAIANAS – A RAINHA MÃE “DONA MARIA OZÓRIO DE ANDRADE” E A PROMESSA À SANTA MARTHA
Segundo o relato, teve uma época em que ocorreu um surto de doença na região de Vitória, e muitas pessoas chegaram a falecer. Diante do contágio sem controle, os filhos de uma pessoa influente e residente no bairro Mulembá, a Senhora Maria Osório de Andrade, ficaram doentes, na mesma época em que a igreja estava em construção. Assim a Dona Maria Osório fez uma promessa, na qual, se seus filhos sobrevivessem, ela doaria a imagem de Santa Martha de Betânia para a igreja local. Passaram alguns dias e o milagre aconteceu, seus filhos melhoraram e sobreviveram. Dona Maria Osório comprou a imagem doou a igreja local. Ao invocar Santa Martha, santa para coisas urgentes e difíceis, como foi a ressureição de Lázaro. Considerada uma poderosa intercessora, pois foi a responsável por interceder pelo seu irmão, e tendo Cristo trazido de volta à vida por conta da sua solicitação. É protetora contra mau olhado, pragas, inveja, bruxarias, descarrego. A fantasia tem inspiração em uma roupa de rainha, pois toda mãe é uma rainha.
ALA 16 – DE OLHO NA LEI
Após o milagre que ocorreu na casa da família da Senhora Maria Osório, muitas pessoas que não gostavam do nome do bairro, “Mulembá” iniciaram um movimento local para mudança do nome do bairro de Múlembá para Santa Martha. Assim ocorreu, após grandes apelos, o prefeito Oswald Cruz e a Câmara Municipal, apresentam para a população de Vitória, a Lei 758 de 13 de novembro de 1963, da Prefeitura Municipal de Vitória, denomina Santa Martha o local conhecido como Mulembá.
4º SETOR – UM CANTINHO PARA CHAMAR DE MEU
Tempo de conversas assustadas a luz dos lampiões e lamparinas, estórias de assombrações, sacis dando nós nas crinas dos animais, mulas-sem-cabeça trotando nos baixios do córrego do vale central do bairro. Sem falar na orquestra de sapos que coaxavam nas várzeas, cachorros latindo para a lua. Mas acabou prevalecendo o nome de Santa Martha, pela Lei 758, de 13 de novembro de 1958 que para a denominação para o bairro de Santa Martha o local conhecido por Mulembá.
Hoje ao passar pelas ruas e ruelas vemos a história guarda em canto do bairro, suas casas e seus moradores guaram lembranças de um passado de alegria. Não podemos deixar de falar da Feira. A feira livre em Santa Martha é de caráter predominantemente hortifrutigranjeiro, se insere como uma possibilidade de reafirmação da identidade do povo brasileiro, já que destaca os costumes e a cultura popular, promovendo troca de conhecimentos, o resgate de valores e sensação de integração social. Conversas, tradições, encontros, as transgressões, as experiências das compras, vendas e permutas, as jocosidades, as performances corporais e orais, enfim, das cores, odores e sonoridades que se misturam e se dissolvem, inúmeras pessoas efetuam as reproduções sociais e capitalistas da vida cotidiana. Dessa maneira, a feira se institui, antes de tudo, em um espaço de mobilidades comerciais e sociais onde, por meio das diversificadas dinâmicas. O bar como a feira é uma representação social e fundamental na formação cultural do capixaba, me Santa Martha o bar do marinho é muito frequentado por toda população, fica na entrada ao lado da igreja de Santa Martha. Dos vários encontros sociais encontramos os troféus do time de futebol, que já passou por vários nomes, iniciando com Andaraí, depois Panela de barro, depois Real Madrid, Nova Esperança, Olaria e por último Unidos de Santa Martha. A agremiação carnavalesca surgiu na década de 40, a partir do time de futebol, nas cores azul e branco, posteriormente, a batucada do Andaraí, desfilava em vitória, dentre outras batucadas Chapéu de lado, Fonte Grande, entre outros. Mais tarde essa agremiação ficou durante bom tempo fora do carnaval de Vitória, retornando como bloco na década de 70, fazendo estágio para acessar a condição de Escola de Samba, enfim, conseguiu o seu intento, firmando-se como Grêmio Recreativo Escola de Samba Andaraí, sendo batizada pela Mangueira-RJ, ainda no final da década de 70, as suas cores passaram a ser verde e rosa.
DESTAQUE DE CHÃO: A FORÇA DO MATRIARCADO
Como visto, a doação da imagem de Santa Martha para igreja local, foi de suma importância para mudança da denominação, que após muitos pedidos,
Foi sancionada a lei que modifica a nomenclatura, a fantasia esplendor do matriarcado, sem representar a esplêndida missão de ser mãe. Representa a mulher de Santa Martha, sua beleza e gingado, para nos momentos difíceis ajoelhar e pedir por dias melhores.
ALA 17 – A FEIRA
A feira livre em Santa Martha é uma possibilidade de reafirmação da identidade do povo, destaca os costumes e a cultura popular, promove trocas, o resgate de valores e sensação de integração social. Em Santa Martha de caráter predominantemente hortifrutigranjeiro. Nas ruas e ruelas tem conversas, tradições e encontros reproduções sociais e capitalistas da vida cotidiana. Dessa maneira, a feira se institui, como espaço de mobilidades comerciais e sociais acontecendo por meio das diversificadas dinâmicas do dia-a-dia da população. Nela encontramos e tudo, peixes, verduras, panos de prato, toalhas de mesa, flores até galinha angola. Um local que tem tudo e a população tem o intuito de ampliar as relações e emoções.
ALA 18 – O BAR DO MARINHO
O bar tem grande representação social na formação cultural do povo capixaba, em Santa Martha encontramos bares em todo canto e cada esquina. Todos os bares são frequentados pela população. O fato é que pessoas que gostam de frequentar um bar no bairro são “significativamente” mais felizes, têm mais amigos, melhor satisfação com a vida e, curiosamente, são menos propensas a beber em excesso. O bar tem a função social, de aglomerar pessoas de diversos lugares, com histórias completamente diferentes e fazê-las interagir de algum modo, assim os bares ajudaram a construção social das pessoas residentes no bairro de Santa Martha. Não podemos pensar no bairro, sem os bares abertos e a população no meio da rua conversando, rindo e brincando.
ALA 19 – O FUTEBOL
A região de Santa Martha é um local de grandes talentos, principalmente para o esporte. Com a popularização do esporte nas comunidades brasileiras, o futebol entra no bairro, com o intuito de valorizar as pessoas locais e torna-las conhecidas no universo esportivo capixaba. No bairro surgiu um time, que passou por vários nomes, iniciando com Andaraí, depois Panela de barro, depois Real Madrid, Nova Esperança, Olaria e por último Unidos de Santa Martha. A cores do time era azul e branco e conseguiu conquistar vários títulos ficando no topo do ranking em Vitória, suas memórias são eternizadas pelos vários troféus conquistados, em exposição no bar do marinho, ao lado da igreja de Santa Martha.
DESTAQUE DE CHÃO: A VENENOSA DE SANTA MARTHA
Com a união de dois estereótipos, o excelente jogador de futebol e ter samba no pé, o solo de Santa Martha foi plantada uma semente, e o futebol e o samba servem de adubo para semear alegria, em suas ruas. O fato é que o futebol e o samba foram dois terrenos onde as camadas populares conseguiram construir mecanismos de ascensão social, não sendo diferente nesta comunidade, pessoas tinham ascensão, apenas com sua arte e gingado. Os blocos de carnaval e as escolas de samba não foram feitas nos parlamentos ou nas universidades, mas construídas a partir da música popular, da vida diária da comunidade e do futebol. E assim ACEGRES Andaraí nasce no cenário carnavalesco capixaba, escolhendo como seu símbolo, a cobra naja, denominando-se como a Venenosa de Santa Martha.
Nome do Destaque: Mariana Almeida.
TRIPÉ DA VENENOSA DA SANTA MARTHA – GRES ANDARAÍ
Uma conversa de bar despretensiosa e… Deu samba. Exatamente dessa forma que foi criada a ACEGRES Andaraí. A agremiação carnavalesca surgiu na década de 40, a partir do time de futebol, nas cores azul e branco, posteriormente, a batucada do Andaraí, desfilava em vitória, dentre outras batucadas Chapéu de lado, Fonte Grande, entre outros. Escolheu seu símbolo a cobra Naja, logo após uma Coroa. Na década de 70, fazendo estágio para acessar a condição de Escola de Samba, enfim, conseguiu o seu intento, firmando-se como Grêmio Recreativo Escola de Samba Andaraí, sendo batizada pela Mangueira-RJ, ainda no final da década de 70, as suas cores passaram a ser verde e rosa. Tripé da Coroa com as cobras najas em verde e rosa vem representar a consolidação da ACEGRES Andaraí no palco do samba capixaba.
DESTAQUE DE CHÃO: SAMBA DE COMUNIDADE
Ao falar em samba, está se descrevendo uma expressão cultural típica brasileira, conhecida como um gênero musical e uma dança praticada ao som de canções de gênero próprio. Durante muito tempo, sofreu repressão e preconceito, mas hoje faz parte da cultura e identidade do povo brasileiro, é reconhecido como patrimônio cultural imaterial. Ao ver um desfile de uma Escola de Samba, a primeira imagem é a beleza das passistas que encantam a todos com sua sensualidade e delicadeza nos passos em consonância com a música. Corpo esculturais que seduzem o telespectador. Assim o destaque de chão “Samba da Comunidade” representa as meninas do morro, que começam como passistas, vira musas e um dia acordam Rainha, Madrinha e princesa de Bateria.
Destaque de Chão: Elisa Sanches e Jordana Catarina
5º SETOR – ETERNIZANDO TRADIÇÕES DA CULTURA POPULAR
Dentro do clico das tradições culturais do bairro de Santa Marta encontramos os eventos que misturam festas profanas e sagradas. Os ensaios e desfile da ACEGRES Andaraí, a festa de São benedito, A banda de Congo Amores de Lua e a Festa na forma do Tríduo de Santa Martha. Em relação aos ensaios e desfile da Escola de Samba, está agremiação é o orgulho da comunidade, a vida da agremiação não se resume aos dias que antecedem o desfile, existem atividades o ano inteiro. Como a Andaraí não tem quadra utiliza as ruas de Santa Martha, a praça e o campo de futebol do Caxias, sua missão perpassa por gerações, onde um dia pai que era mestre, hoje é o próprio filho, como também pai que foi presidente, hoje o filho comanda a escola. Ficam os eternos nomes que construíram os desfiles da Andaraí, bem como a conversa fiada, o disse-me-disse, os debates e atividades culturais, sociais e desportivas.
A festa de São Benedito é comemorada no bairro com muita alegria e cores, anualmente em 25 de dezembro, o bairro cobre-se nas cores azul e branco, com a puxada e fincada do mastro, esta tradicional festa dura mais de 74 anos. Como destaque da festa tem a Banda de congo Amores da Lua que animas as ruas ao som dos instrumentos do congo. Depois segue em procissão agradecendo pelas bênçãos alcançadas no decorrer do ano. Para finalizar não podíamos deixar de falar a própria Santa Martha, ícone do bairro.
A imagem que encontrasse na igreja é de Santa Marta de Betânia, irmã de Lázaro e Maria. A que recebeu Cristo em sua casa e testemunhou sua fé, afirmando que Jesus era o Cristo, merecendo, por isso, ver a ressurreição de seu irmão. Sua festa acontece com a duração de três dias, em 27, 28 e 29 de julho na Comunidade. Conta-se na França que povoações vizinhas e os habitantes de Tarascon vieram então pedir o socorro da santa contra um dragão que fazia enormes estragos. Como Marta não tinha outro fim do que a glória de Jesus Cristo e a salvação das almas, reconheceu que um milagre causaria a satisfação sobre aqueles pagãos. Embrenhou-se por um bosque vizinho e achou o dragão que estava a devorar um homem. Fez o sinal da cruz, aspergiu-o com algumas gotas de água benta, atou-o com o seu próprio cinto e trouxe-o à cidade, como se fora um manso cordeiro. Atônito, o povo acudia a presenciar esta maravilha, e, depois de terem morto o dragão a pau e à pedrada, lançaram-se todos aos pés da santa, pedindo-lhe que os não abandonasse. A Santa Marta permaneceu nesse lugar, tendo criado uma comunidade de donzelas convertidas e que quiseram acompanha-la. Refere-se que edificaram nesse sítio um mosteiro, onde como esposas de Jesus Cristo viviam à maneira de anjos debaixo da direção daquela que fora hospedeira e discípula do Senhor.
Assim terminamos este enredo que entrelaça histórias, estórias, contos, lendas e a vida real, misturando e transformando tudo em fantasias, para brincar o carnaval. Sabemos que os tempos são outros, e difíceis, mas estamos além de exaltar o potencial criativo das emanações de Olorun, suplicamos benevolência, paciência, sabedoria e compaixão para esse novo mundo que se inicia pós coronavírus. Santa Martha! intercedeu buscando a cura, assim como intercedeste por lázaros junto a Jesus, a GRES Andaraí pede sua intercessão para curar a humanidade de todos os males.
ALA 20 – O CONGO CAPIXABA
O Congo Capixaba nasceu da necessidade dos escravos da matriz africana, ao mesmo tempo que também adorava os santos da Igreja Católica, de uma maçante evangelização dos povos nativos, com a necessidade unir forças a suas crenças e seguir em via única. O Congo como pertencente ao Espirito Santo, não sendo único, constitui-se a partir de diferentes origens, manifestações e formas de inserção. Marca de identidade estratégica no reconhecimento e na produção simbólica do Espírito Santo, sendo uma manifestação cultural se expressa em grupos de pessoas que cantam e dançam de forma bem característica, participam homens e mulheres, sendo mais conhecidos. Sua apresentação envolve música, dança, tambores e casacas, acrescentando também outros instrumentos como: caixas-claras, cuícas, pandeiros, chocalhos, apitos, entre outros, dependendo de cada região. A ala do congo introduz, no enredo, o setor de festividades da igreja católica, contudo ao estar na quaresma, o desfile dos componentes ocorrerá sem a utilização de instrumentos musicais.
SEGUNDO CASAL DE MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA – MESTRE DO CONGO E A PORTA ESTANDARTE
Nome Mestre Sala: Edgar dos Anjos
Nome Porta Bandeira: Júlia Demoner
Significado da Fantasia: Mestre do Congo e a Porta Estandarte
O mestre do congo é muitas vezes o fundador da banda, ou integrante da família fundadora, bem como aquele de desenvolve todo espetáculo e cantoria a ser realizada na apresentação da Banda, com o apito direciona todos os componentes para cantar, dançar ou tocar. A Porta Estandarte traz os santos protetores a banda, que levam para cada local, em suma, os santos cantam, dançam, rodopiam e festejam nas mãos da porta estandarte.
A fantasia do Segundo Casal – Mestre do Congo e a Porta Estandarte, em sua concepção artística, representa dois personagens importantíssimos na Banda de Congo, quem direciona a Banda e que traz os Santos para abençoarem e promoverem alegria no lugar. A roupa vem nas cores predominantes rosa e dourado, na saia da Porta Bandeira as flâmulas com principais santos e santas levados pelas bandas e o pavilhão Azul e branco da ACEGRES Andaraí, primeiro pavilhão oficial da Escola. O segundo casal une a cultura do congo com a força do carnaval.
ALA 21 – A BANDA DE CONGO “AMORES DA LUA”
O congo também é um exemplo dessa resistência, que através do “Ciclo Folclórico Religioso”, tem revitalizado a manifestação, através de novas formas de apresentação e a introdução de novos elementos simbólicos, os jovens vêm assumindo papel de protagonistas desse processo de ressignificação; sendo responsáveis por demarcar a relação entre a tradição e a modernidade. A Banda de Congo Amores da Lua foi fundada, em dia 30 de março de 1945, no antigo bairro do Mulembá, hoje bairro Santa Marta. Tudo começou de uma reunião entre Alarico Azevedo, Alfredo Manoel da Silva e a Senhora Cecília Rosa de Azevedo, parteira e capelã de ladainha, com o objetivo de fundar a banda de congo. Os primeiros 10 tambores de barril foram comprados no mesmo ano. A primeira puxada de mastro foi feita naquele mesmo ano. Desde 2004, a Banda Amores da Lua, tem como mestre “Ricardo Salles”, bisneto dos fundadores e neto do mestre Reginaldo Salles, do qual cresceu em meio as tradições congueiras e desde os primeiros passos. Aos 23 anos se tornou capitão do congo, com honra de apitar e reger a banda durante os festejos. Para o desfile, a banda vem com sua indumentária de apresentação nas cores azul e branco.
ALA 22 – OS ANJOS
Como elemento cultural da fé cristã, a procissão é um ato concreto de fé, realizados por devotos, caminhando de maneira cerimonial, na forma de cortejo religioso, pelas ruas, carregando a imagem de um santo entoando orações e cânticos. Muitos cortejos colocam crianças e adolescentes vestidos de anjos, segundo a crença católica, este ritual, tornaria as pessoas e os locais abençoados. A ala dos Anjos representa a abertura da procissão em homenagem a Santa Martha, realizado pela igreja católica.
DESTAQUE DE CHÃO: HONESTUS SANCTITAS “ESPLENDOROSA SANTIDADE”
A fantasia Esplendorosa Santidade, vem na frente da Alegoria “A grande procissão”, representa a homenagem do povo do samba a própria Santa Marta. A fantasia complementa como um anjo de luz, que reflete os poderes da devoção em Santa Marta na comunidade.
Destaque de Chão: Simone Carneiro
TERCEIRA ALEGORIA – A GRANDE PROCISSÃO
A procissão é um ritual sagrado, onde fiéis saem as ruas da cidade para levar seu santo de devoção nas costas. Para a terceira alegoria e encerrar o desfile, trazemos a imagem de Santa Marta. Esta Santa é invocada pelos cristãos para interceder por suas preces, normalmente coisas urgentes e difíceis, como foi a ressureição de Lázaro. Considerada uma poderosa intercessora, pois foi a responsável por interceder pelo seu irmão, e tendo Cristo trazido de volta à vida por conta da sua solicitação. Protetora contra mau olhado, pragas, inveja, bruxarias, descarrego. Foi através do milagre concedido a família de dona Maria Ozório que o nome do bairro mudou de mulembá para Santa Martha. Este carro é um grande andor, é levado por 60 devotos, em sua concepção artística os devotos vêm vestidos as mulheres de rosa e os homens de verdes, fazendo velas nas mãos, pedindo bençãos a Santa Marta.