Ficha Técnica
Enredo 2022 – Pega no Samba
“Abayomi”
Carnavalesco
Comissão de Carnaval – Thais de Sá, Victor Faria e Vitor Vasale
Autor do Enredo
Comissão de Carnaval – Thais de Sá, Victor Faria e Vitor Vasale
Sinopse
Pedaços, retalhos, tecidos, recortes, cores, estampas, linhas, texturas.
Inicia-se a confecção da singela boneca Abayomi, ponto de partida para reconstrução da memória onde retalhos espalhados, cores misturadas formam pedaços de África e fragmentos de saberes, parte de uma ancestralidade a ser (re) construída.
Após fitar as cores, e essas me levarem longe, minha mente retorna e estou pronta para iniciar, vamos produzir uma Abayomi, uma boneca sem cola e sem costura, feita com nós que entrelaçam ancestralidade, resistência, identidade, reconhecimento, representatividade e orgulho de ser quem sou.
Ao dar o primeiro passo, o primeiro nó, novamente o pensamento viaja…
Silêncio!
Sinto a brisa do Atlântico entrar pelas frestas do navio. Prisão, açoite, escuridão, lágrimas, cicatrizes, entrelaçamentos, cruzamentos, nós… nó na garganta, nó na história, nó no destino.
A voz embarga, porém preciso seguir, agora será dado o segundo nó, e o tecido retinto que recobre a boneca, também recobre minha pele.
Correntes, açoites e prisão não foram suficientes pra cessar o desejo de liberdade de nossa cor, pois o nosso grito ecoará por toda história. Mais um nó, mais um percalço, na cabeça a memória vai ficando vívida e assim como o corpo de Abayomi ela vai ganhando forma.
Negra, preta, crioula… não existem mais mucamas, mas nas ruas ainda ecoam vozes da escravidão, e cada nascer do sol se afirmar foi preciso.
Preta sim!
E da afirmação, do orgulho, na certeza de quem somos, nasce mais um nó. Feminino, mãe, mulher, menina, geradora, ama de leite, ganhadeira, donas do destino. Da necessidade de se reencontrar e se entender, de nó em nó nasceu a Abayomi.
A boneca já está quase pronta, vislumbro a silhueta e agora o pensamento me confunde. O presente é ancestral, a ancestralidade é presente, e assim se dá mais um nó. Representatividade, orgulho, resistência. Ocupar é preciso! E com punhos cerrados e erguidos, seremos existência!
O último dos nós, o ciclo se finda.
Nascer, renascer, crescer, corpo, vida, inocência, infância.
Negros heróis, pretas princesas, retintas palavras nos livros.
Abayomi chega as pequenas mãos da inocência, mãos livres pra escrever um novo destino. É a afirmação de novos valores, amparados por antigos saberes, é o ciclo da vida.
Abayomi é o princípio e a preta referência, a esperança renascida no olhar das crianças que irão crescer amparadas em semelhantes.
Símbolo de resistência, de memórias, saberes outrora roubados.
Abayomi é a boneca preta como a pele, com as vestes coloridas feito a alma. A alegria de um novo amanhã!
Que cada nó dado para o surgimento de uma Abayomi, desate os nós que um dia destruíram sonhos, vidas e histórias e que hoje ressignifica uma infância a fim de significar toda uma vida!
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